Razões da derrota de Cássio - Por Josival Pereira

Em entrevista um dia após a derrota do domingo, a primeira de sua carreira política, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) atribuiu o resultado adverso nas urnas aos apoios recebidos pelo governador Ricardo Coutinho (reeleito) do PMDB, no segundo turno, e do PT, no primeiro turno, além de Efraim Morais e da dupla Lígia e Damião Feliciano. A alegação tem procedência, mas não pode ser tomada como a verdade para explicar o resultado das eleições na Paraíba. Existem outras razões para a derrota de Cássio.

Razões da derrota de Cássio

Em entrevista um dia após a derrota do domingo, a primeira de sua carreira política, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) atribuiu o resultado adverso nas urnas aos apoios recebidos pelo governador Ricardo Coutinho (reeleito) do PMDB, no segundo turno, e do PT, no primeiro turno, além de Efraim Morais e da dupla Lígia e Damião Feliciano.
A alegação tem procedência, mas não pode ser tomada como a verdade para explicar o resultado das eleições na Paraíba. Existem outras razões para a derrota de Cássio.
Uma delas – e das mais importantes – foi sua gestão anterior, de sete anos, que não resistiu à comparação direta com o atual governo.
Outra razão de peso é o estigma da cassação do mandato, que ganhou força e agravou-se com a denúncia do acúmulo de salários do Senado e a pensão de ex-governador, resultando num contracheque de mais de R$ 52 mil.
Veja-se ainda que Campina Grande não deu a votação esperada pelo senador Cássio Cunha Lima no segundo turno. Foram 62,7% dos votos válidos. Em 2006, esse percentual foi de 66,7%. Quando Ronaldo Cunha Lima foi candidato, em 1990, sua votação no segundo turno em Campina Grande chegou aos 74,33%. Neste ponto, avalia-se que a gestão do prefeito Romero Rodrigues não teria ajudado.
Pode-se também elencar nas razões da derrota do senador Cássio Cunha Lima sua longevidade política. Apesar de ter apenas 51 anos, Cássio já exerceu todos os cargos mais importantes do Estado, sendo um veterano em disputas eleitorais. Na história contemporânea da Paraíba, com exceção de João Agripino, que não se aventurou a disputar um segundo mandato, todas as grandes lideranças (José Américo, Argemiro de Figueiredo, Ruy Carneiro, Wilson Braga, José Maranhão) perderam eleições depois de deixarem o governo.
Ponha-se na conta, por último, fato de Cássio já estar distante do poder a seis anos, não ter se empenhado o suficiente para fechar aliança com o PMDB no primeiro turno e certo \”sapato alto\” na primeira fase da disputa. Podem ser menores, mas essas também são razões da derrota de Cássio, sem contar os méritos do adversário.
Registre-se, contudo, que, em que pese à derrota, o senador Cássio Cunha Lima foi confirmado nas runas como uma das mais importantes lideranças políticas do Estado. Individualmente, ainda talvez a mais expressiva. Mas corre contra o tempo e contra a lógica da gangorra política estadual e nacional.

por Josival Pereira