Quem tem Ariane - Rubens Nóbrega

Se o prefeito Luciano Agra e o governador Ricardo Coutinho tivessem pelo menos duas da qualidade de uma Ariane Sá, e se prestigiassem e ouvissem suas secretárias como prestigiam e ouvem outras figuras que não têm um milésimo do caráter e da competência da secretária municipal de Educação…

A história seria bem outra, tenho certeza. Se os governantes prestigiassem, se ouvissem pessoas como ela, não estaríamos hoje envergonhados diante de um Brasil que assiste igualmente escandalizado, desde domingo, às revelações sobre tenebrosas transações envolvendo a merenda das escolas municipais da Capital paraibana.

Mas Ricardo já mostrou que não ouve ninguém. Se ouve, na verdade só faz que ouve, porque termina não acatando, não acolhendo nem seguindo se o conselho, a sugestão ou o parecer não for exatamente aquilo que quer ouvir, pretende fazer ou que já decidiu. Resumindo, não se pode culpar assessor ou secretário algum pelo que Ricardo, prefeito ou governador, resolve fazer.

Se pelo menos ele delegasse poderes, e se nessa matéria a palavra inicial ou final fosse da Professora Ariane Sá, aposto como essa tal de SP Alimentação sequer faria pouso no Castro Pinto. Muito menos um representante dessa empresa desceria até a cidade e sequer passaria da porta para entrar em qualquer gabinete ou sala onde bate ponto alguém do círculo íntimo do poder ricardiano.

Com Ariane Sá decidindo, tratativas e tentações da espécie chegariam nem perto do Paço, do Centro Administrativo Municipal ou de alguma autarquia na qual a SP acabou encontrando o contato ideal, o articulador mais precioso para emplacar um negócio de R$ 47 milhões que fez fortunas por aí, mas arranhou imagens e pode sujar indelevelmente – e para todo o sempre – o que muitos tinham como ilibadas reputações.

Mas, lamentavelmente, infelizmente e desafortunadamente, mesmo aquilo que poderia ser uma terceirização eficiente, isenta de críticas e suspeitas, jamais foi submetida ao crivo de Ariane Sá. Mesmo assim, ainda que não tenha sido obra dela esse contrato e suas conseqüências, uma vez expostos em rede nacional, os verdadeiros pais da criança deram uma de João sem Braço e deixaram que ela, Ariane, saísse a campo para defender o que em tudo e por tudo se apresenta como indefensável.

O que assistimos, então, foi a secretária Ariane Sá indo à luta para explicar e justificar atos do governo a que serve e o fez e faz com tanta veemência e competência que a sua atitude e postura deixam claro que ela acredita, sinceramente, na regularidade dos procedimentos, na legalidade do contrato com a SP Alimentação e até mesmo na qualidade da merenda que essa empresa serve (?) aos alunos da rede municipal de ensino.

 

Ele sabe escolher

Uma coisa a gente tem que reconhecer: Ricardo Coutinho sabe escolher equipe. Pode olhar… O secretariado de Sua Excelência, na Prefeitura da Capital ou no Governo do Estado, é formado por gente competente, da melhor qualidade.

É bem verdade que alguns desses auxiliares não se sustentam nos governos comandados pelo Doutor Ricardo e deles se afastam alegando doença, publicamente, ou incompatibilidade de gênios e métodos com o chefe, em privado.

Mas isso não tira a habilidade do prefeito e governador na escolha de seus secretários. Muito menos a saída desse ou daquele vai anular no demissionário a sua competência profissional ou qualidade pessoal, sobretudo de caráter.

Se me fosse dada a honra de chegar aonde o Doutor Ricardo chegou, sentir-me-ia ainda mais honrado e privilegiado de poder contar no meu governo, por exemplo, com um Mário Toscano, com um Fernando Abath, uma Cida Ramos, uma Ariane Sá…

Ainda que por breve tempo, seria verdadeiramente gratificante ter à volta e ao dispor pessoas desse nível, com o conhecimento e espírito público que têm Mário, Abath, Cida, Ariane e outros que se dispuseram a compor governos ricardistas.

Pena, como já disse, que o homem se baste tanto a si mesmo que se ache o último suspiro do universo e trate como meros figurantes coadjuvantes tão capacitados, tão qualificados e tão dispostos a colaborar na formatação e realização verdadeira do que poderia ser, de fato e de direito, uma Nova Paraíba.

 

A quem compete

Doutor Camilo Macedo pergunta (e repasso para o governo municipal de João Pessoa responder):

• como um prefeito que vive apregoando falta de recursos abre mão de R$ 2,4 milhões (dinheiro que viria para a Prefeitura da Capital via Programa Nacional de Alimentação Escolar para programas específicos de merenda, se a PMJP tivesse rescindido o contrato com a SP Alimentação?);

• quer dizer que nada significaram nem significam as fiscalizações, manifestações e iniciativas da Promotora de Justiça em Defesa da Educação em João Pessoa, de 52 diretoras de escolas municipais e conselhos tutelares da Capital contra os serviços e a qualidade da merenda preparada e distribuída pela SP Alimentação?

• por que todos os carros locados pela Prefeitura da Capital, atualmente, vieram do vizinho Estado de Pernambuco?

 

E do amigo Raminho…

(com o texto dele)

Só para matar minha curiosidade, antes que ela me mate, algumas perguntas que queria ter resposta:

a) A Prefeitura de João Pessoa gasta mais com jornalistas ou nutricionistas?

b) A prefeitura tem merendeiras? Se tem, onde estão?

c) É verdade que a edilidade pessoense perdeu R$ 2 milhões de repasses por ter terceirizado a merenda escolar?

d) O que é mais barato, fazer a merenda ou terceirizá-la?

e) Alguém da PMJP sabia que pelo Brasil afora rolavam denúncias e investigações sobre as ações suspeitas da SP Alimentação, e mesmo assim não redobrou os cuidados de praxe?