Opinião

Queiroga quer somar forças para tornar viável sua candidatura - Por Nonato Guedes

Foto: TV Arapuan
Foto: TV Arapuan

Paraíba - Lançado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como pré-candidato ao governo da Paraíba nas eleições de 2026 o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tenta juntar forças para viabilizar a candidatura e chegar ao segundo turno, repetindo performance surpreendente alcançada nas eleições para prefeito de João Pessoa em 2024 quando avançou para a finalíssima e disputou-a contra Cícero Lucena, o reeleito. Como parte da nova estratégia, Queiroga busca unificar o próprio PL, onde os deputados Cabo Gilberto Silva (federal) e Walbber Virgolino (estadual) estão se desentendendo e, ao mesmo tempo, faz acenos na direção de expoentes da oposição estadual como o senador Efraim Filho (União Brasil) e o ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSD) que combatem o governo João Azevêdo.

Queiroga propõe que se não houver consenso já no primeiro turno haja um somatório das forças de direita e de centro, bolsonaristas e conservadoras, com o propósito de quebrar a hegemonia empalmada pelo grupo de João Azevêdo desde o pleito de 2018. Ele ensaia esse movimento de olho nas pretensões concorrentes ao Palácio da Redenção no agrupamento oposicionista, com o senador Efraim Filho figurando em destaque nas articulações sem descartar a opção Pedro Cunha Lima, até como reconhecimento ao seu desempenho nas eleições de 2022 quando enfrentou o atual governador no segundo turno e perdeu por diferença estreita. Na avaliação do ex-ministro Marcelo Queiroga, o cenário que se descortina para 2026 favorece amplamente as oposições, bafejado pelas próprias divergências na órbita de Azevêdo, estimulados pelo interesse na cabeça de chapa para o pleito vindouro.

Isoladamente, no campo da direita conservadora, Queiroga teria dificuldades concretas para avançar numa disputa ao governo do Estado, embora alardeie que tem na manga um “trunfo maior”, que seria o apoio declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro. A situação de Bolsonaro, todavia, é complicada, em virtude da inelegibilidade que ele sofre na atual conjuntura por parte da Justiça Eleitoral e também por causa das acusações que lhe são feitas sobre participação na liderança de atos extremistas que visavam a provocar um golpe de Estado no país. A expectativa nos meios políticos e na própria sociedade é que, a qualquer momento, seja decretada a prisão do ex-presidente, diante do conjunto de provas e elementos já reunido, incriminando-o na trama golpista de 8 de janeiro de 2023 que foi barrada por organismos como o Supremo Tribunal Federal e o próprio Congresso Nacional, bem como por segmentos das Forças Armadas que não se renderam aos apelos de uma intervenção que equivaleria a um retrocesso político-institucional no país.

Sem a presença de Jair Bolsonaro no páreo da disputa presidencial de 2026, a direita tende a se fragmentar em nomes que não empolgam tanto quanto o arauto da radicalização política recente na história política brasileira, e a perspectiva será no sentido de desintegração do campo ideológico que assumiu o confronto aberto com o Partido dos Trabalhadores e com os representantes da esquerda. A projeção é de que Bolsonaro, mantido o impedimento, seja substituído pela sua mulher, Michelle, ou por governadores bolsonaristas como Tarcísio de Freitas, de São Paulo. Mas, por antecipação, analistas políticos vaticinam que estará pavimentado o terreno para a recondução tranquila do presidente Lula ao Palácio do Planalto.

O agastamento dos bolsonaristas com a indefinição sobre a situação do seu líder maior impede articulações mais consistentes para o próximo pleito e isto tem efeito colateral nas disputas regionais, aos governos de Estados. Na Paraíba, Marcelo Queiroga tem pressa nas definições, pois poderá ser forçado a remanejar pretensões pessoais no próximo ano, deixando de disputar o Executivo e, se for o caso, concorrendo ao Legislativo. Enquanto a “Hora H” não chega, ele busca manter-se alinhado ao agrupamento oposicionista paraibano para não se enfraquecer no labirinto do isolamento político-partidário para as eleições vindouras.

Assessoria