PSTU se revolta com reforma administrativa do PT e chama legenda de sofista

"Se não há objetividade, estamos fadados ao fracasso"

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O PSTU emitiu nota criticando a reforma administrativa promovida pela presidente Dilma Rousseff. O texto diz que o Partido dos Trabalhadores implantou no país um regime sofista e agira nomeia nova equipe econômica sob a justificativa de reformular o que vem sendo feito e melhorar a situação brasileira.

Leia a nota na íntegra:

Partido dos Trabalhadores: a materialização do Sofismo brasileiro

“Os sofistas são aqueles que com argumentos capciosos tentam enfraquecer o verdadeiro, em favor do falso, dando-lhe aparência de verdadeiro.”

Por que será que eu não me surpreendo com a nomeação de Levy, Kátia Abreu, Nelson Barbosa entre outros que estão por vir para compor o governo nos próximos anos? Não vejo que seja traição/mancada/sacanagem, seja qual for o adjetivo atribuído à nossa presidenta Dilma ao que ela e seus aliados fizeram e continuam fazendo. Um olhar atento, aos últimos anos demonstra que ela está sendo coerente com seu partido e com sua base governista. Isso fica claro, desde a chamada “Carta aos Brasileiros”. Mauro Iasi em um artigo recente e esclarecedor publicado no blog da boitempo titulado como “O sexto turno”, apresenta-nos uma realidade que se torna ainda mais concreta em tempos de indignação com tais nomeações.

“Os governos eleitos para ‘evitar a volta da direita’, a perda de direitos para os trabalhadores, o aprofundamento das privatizações, a criminalização dos movimentos sociais, o abandono da reforma agrária, acabaram por impor um crescimento das privatizações, uma precarização do trabalho, o ataque aos direitos dos trabalhadores (eufemisticamente chamado de ‘flexibilização’) e o aprofundamento da criminalização dos movimentos sociais. Reforma da previdência, privatização do campo de Libra, imposição da EBSERH, rendição do Plano Nacional de Educação à lógica dos empresários e do sistema S, prioridade para o agronegócio, a farra da Copa, as remoções, o aumento da violência urbana e a política genocida das polícias militares contra a população jovem, pobre e negra, a não demarcação das terras indígenas, as concessões ao fundamentalismo religioso que impede a legalização do aborto, a criminalização da homofobia…

O tão falado crescimento da direita, ou a ‘onda conservadora’, não se dá por acidente, mas é o resultado previsível dos governos de pacto social e da profunda despolitização que resulta de doze anos de governos petistas. Como disse Ruy Braga em artigo recente, que a burguesia e a classe média sejam conservadoras é perfeitamente compreensível, mas o que precisa ser explicado é porque o conservadorismo tomou a consciência de setores da classe trabalhadora. A candidata do PT perdeu no ABC paulista, somando os votos de Aécio e Marina, perdeu em São Paulo, Rio, Minas e Rio Grande do Sul.”.

Dado isso, percebe-se que a nomeação de tais personalidades para compor o governo não é surpresa e muito menos incoerência lógica do PT. As questões que devem ser levantadas são outras…

A fim de acalentar a classe trabalhadora, frente a uma série de ajustes de preços e tarifas bem como, demissões que já se apresentam, o governo tenta nos acalentar com uma proposta de Reforma Política que se daria através de um Plebiscito, este que é um dos instrumentos da dita “democracia direta”.

Mais uma vez, o que vemos é que a Reforma política está aí como se fosse algo a ser seguido. E aí eu me pergunto, ela realmente está aí? Como se dá este procedimento, qual a natureza do mesmo? Há de fato participação do povo neste plebiscito? Sem ilusões de ter uma resposta satisfatória, o que vejo mais uma vez é uma democracia “sequestrada, condicionada, amputada” como diria Saramago. Aqui, mais uma demonstração do sofismo petista. Que raios de democracia direta é essa em que o povo não tem aquilo que lhes é pressuposto para uma democracia que é o poder de decidir as coisas, neste caso, o poder de decidir quais devem ser as perguntas a serem feitas, para depois responder sim ou não? As perguntas vem prontas sem que sejam tocadas nas questões estruturais que fraturam esta sociedade.

“A inteligente forma de manter as pessoas passivas e obedientes é LIMITAR ESTRITAMENTE O ESPECTRO DA OPINIÃO ACEITÁVEL, mas permitir o debate intenso dentro daquele espectro”.

Dentro das defesas que enchem as esperanças de grande parcela da classe trabalhadora e principalmente da juventude que é a qual eu me incluo, é a defesa do governo ao plebiscito a fim de “acabar” com financiamento das empresas, lembremos una cosita:

A OAB (Ordem dos advogados do Brasil) apresentou ao STF a ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o financiamento privado de campanha, o STF acatou com a maioria dos votos, mas fora engavetado.

Ora o que é curioso é que o governo agora quer defender a causa que ele mesmo engavetou. O mesmo não só apoiou o financiamento privado, como foi campeão em receber “doações” milionárias de empreiteiras, banqueiros e do agronegócio, sendo que das dez maiores contribuições, cinco são de grupos de construção civil como OAS, Andrade Gutierrez, UTC Engenharia, Queiroz Galvão e Odebrecht.

Reflexões, inquietações da minha juventude, me levam a crer que esse não deve ser o caminho a ser seguido pela classe trabalhadora e principalmente por nós da juventude. Até quando iremos nos contentar com o “mau menor”?. Tal defesa me parece ser a de que nós somos incapazes de mudar a realidade, esta que, diga-se de passagem, é construída por nós e cotidianamente é mantida também por nós. Não é possível que nos contentemos com tão pouco, não é possível que iremos aceitar o que está posto, com a argumentação de que “votamos no PT, mas vamos às ruas” E é só isso ?. Desculpem-me os amigos que votaram nesta organização, eu respeito, mas não há quem me convença de que é um equivoco. Como diria Valerio Arcary “A esquerda anticapitalista não pode ter como estratégia ser uma fração externa do PT que exerce pressão pela esquerda.Essa é a estratégia da esquerda que insiste em permanecer dentro do PT. Nossa estratégia deve ser a construção de uma oposição revolucionária ao governo”.

Para que isso ocorra é necessário ter acima de tudo aquilo que é tão caro à esquerda brasileira a tal da: análise objetiva da realidade, se não há objetividade, estamos fadados ao fracasso.