Polêmicas

PPS: dificuldades, engenho e arte

Por Sérgio Botêlho

O governador pernambucano, Eduardo Campos, recebe o apoio oficial do Diretório Nacional do Partido Popular Socialista-PPS, nesta sexta-feira, 14, que se reúne em Brasília para referendar decisão já tomada pela Executiva da legenda.
Vêm à capital federal os presidentes do partido nas diversas Unidades da Federação, entre eles, o vice-prefeito de João Pessoa, Nonato Bandeira. Na Paraíba, o PPS deve apoiar não o candidato de Campos ao governo do estado, o atual governador Ricardo Coutinho, mas, o de Aécio Neves, na figura do senador e ex-governador Cássio Cunha Lima.
Não apenas na Paraíba. Também em São Paulo, o PPS deve marchar com os tucanos, no projeto de reeleição do governador Geraldo Alckmin, eleitor de Aécio, que deve ter como concorrente um socialista, do mesmo partido de Eduardo Campos.
Tais contradições locais, que alcança o PPS, devem marcar ainda outras legendas que, alinhadas nacionalmente, terminam desalinhando localmente. São as realidades estaduais impondo a supremacia dos interesses locais. Só que o PPS vai apoiar Campos, em todos os lugares.
O problema vai ser o seguinte: como explicitar a preferência nacional se o partido está misturado numa campanha local com defensores de outras preferências nacionais? Os incômodos, necessariamente, haverão de existir, a toda hora.
Com relação a essa mistura entre candidaturas locais que apoiam Eduardo Campos e Aécio Neves, é tolice imaginar que o acordo de boa vizinhança atualmente acordada entre eles vingue durante a campanha. Talvez nem chegue a junho, o mês das convenções. É bom não esquecer que os dois lutam pelo mesmo espaço: vaga em um ansiado segundo turno, contra a presidente Dilma Rousseff, do PT.
Tanto Cássio quanto Alckmin farão de seus comícios, de suas atividades de rua e de comitês, e do contato diário com a mídia, palanques crescentemente apaixonados da candidatura de Aécio, à medida que cresça a peleja.
Na maioria dessas oportunidades, o PPS paraibano e o PPS paulista, que defendem a candidatura de Eduardo Campos, estarão ali pertinho, sem qualquer direito a reclamar, e, claro, sem direito a carregar a bandeira nem os panfletos de seu candidato presidencial.
Vão ter de cortar um dobrado os socialistas paulistas e paraibanos comandados nacionalmente pelo deputado federal Roberto Freire. E de usar de muito engenho e arte para que consigam desdobrar alguma campanha em prol dos candidatos nacionais de seus partidos.
Em São Paulo, quem vai cuidar disso é o próprio Roberto Freire, naturalmente, um político altamente escolado, como se diz. E, na Paraíba, Nonato Bandeira, que já provou ter jogo de cintura à altura do desafio.
Resta aguardar para ver como se desincumbirão de suas tarefas. E, ao mesmo tempo, como o eleitor vai encarar as situações, em São Paulo e na Paraíba.