VIÚVA DE BURITY: "As homenagens ao agressor do meu marido ( Ronaldo ) fere gravemente a consciência moral e jurídica do povo brasileiro"

glacia burity

A viúva do ex-governador Tarcisio Burity, Glauce Burity, não se conforma com a homenagem que o senado Federal prepara para fazer ao ex-governador e ex-senador Ronaldo Cunha Lima, batizando um prédio do senado com o nome do político paraibano. Como se sabe o ex-senador Ronaldo Cunha Lima (1936-2012), em 1993 atirou 2 vezes à queima-roupa em um adversário político Tarcisio Butiry que anos depois faleceu. A viúva prepara um carta (denuncia) para encaminhar ao presidente do senado Renan Calheiros, na próxima semana, contestando a homenagem e solicitando o seu cancelamento. Ela promete argumentar que o ex-governador não pode ser homenageado por sua atitude assassina contra o seu marido. O nome de Ronaldo Cunha Lima batizará o edifício do Interlegis, órgão do Senado que tem o objetivo de desenvolver projetos para modernizar o Poder Legislativo em todo o país. A assessoria do Senado informou que ainda não há data prevista para a cerimônia de nomeação do prédio e inauguração do busto. Glauce Burity disse ao jornalista Gutemberg Cardoso  “As homenagens ao agressor do meu marido fere gravemente a consciência moral e jurídica do povo brasileiro.”

ronaldo

ENTENDA O CASO:
O ex-senador Ronaldo Cunha Lima (1936-2012) (foto), que em 1993 atirou 2 vezes à queima-roupa em um adversário político, será homenageado dando seu nome a um dos prédios do Senado Federal. A decisão foi confirmada na 3ª feira da semana passada (7.out.2014) pela comissão diretora da Casa e um busto em bronze do ex-senador já está sendo esculpido.

Cunha Lima era governador da Paraíba pelo PMDB quando tentou assassinar seu antecessor, Tarcísio de Miranda Burity, do PFL (hoje DEM), dentro do restaurante Gulliver, em João Pessoa, em 5 de novembro de 1993. Os tiros atingiram a boca e o tórax de Buriti, que sobreviveu ao atentado. Ele morreu 10 anos depois, de problemas cardíacos.

Segundo testemunhas, Ronaldo Cunha Lima entrou no restaurante, bateu nas costas de Burity e, antes de atirar, disse: “É você mesmo que eu quero pegar”. Ele chegou a ser preso na noite do crime, mas foi liberado em seguida.

O motivo do ataque teriam sido acusações de corrupção feitas no dia anterior por Burity contra o filho de Ronaldo Cunha Lima, Cássio Cunha Lima, à época superintendente da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). Cássio seguiu o caminho do pai e hoje é senador pelo PSDB e disputa o segundo turno das eleições para o governo da Paraíba contra Ricardo Coutinho, do PSB.

Manobras
Ronaldo Cunha Lima morreu sem nunca ter sido julgado pela tentativa de homicídio, graças a manobras protelatórias de seus advogados e à lentidão da Justiça brasileira.

Em 2007, 14 anos após o crime, o Supremo Tribunal Federal colocou seu julgamento em pauta. Uma semana antes do caso ser analisado, Ronaldo Cunha Lima, então deputado federal, renunciou ao mandato e seu processo retornou à Justiça da Paraíba. O ex-ministro Joaquim Barbosa, que relatava o caso no STF,classificou a manobra como “escárnio”.