Polêmicas

PMDB: A TERCEIRA FORÇA

POR PAULO SANTOS

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Não se sabe, com absoluta certeza, o propósito dos entendimentos que o pretenso candidato do PMDB a governador da Paraíba, senador Vital do Rêgo, levou na bagagem na madrugada desta terça-feira (01) para colocar sobre a mesa de algumas principais cabeças que decidem a política nacional.
Tornou-se uma praxe, por parte dos políticos, alijar não apenas seus companheiros das principais discussões, mas também anular peremptoriamente qualquer observação dos eleitos sobre o que pensam, falam e fazem. Acham simplesmente que não devem satisfações e ponto final.

Todos os partidos políticos se nivelam nesse aspecto. Falam muito em democracia, mas terminam agindo embasados nas velhas práticas ditatoriais. Não percebem as mudanças, não querem ver que uma parcela significativa da população é jovem, com acesso à educação e, principalmente, usufruindo de uma parafernália de instrumentos tecnológicos que a põe imediatamente em contato com os fatos.
Voltando ao PMDB, seria difícil imaginar que o maior condomínio político da Paraíba voltaria a viver um novo conflito de interesses nessas proporções após 16 anos de uma guerra fraticida que cingiu o partido ao meio e condenou o Estado a um processo belicoso que parece não ter fim. Ao contrário, ressurge com força total a cada eleição.
Novamente o PMDB paraibano vive uma diáspora de consequências imprevisíveis. Nota-se, em primeiro lugar, que o escolhido para ser o comandante – o presidente estadual, ex-governador José Maranhão – perdeu o controle das decisões para a família Vital, mesmo que tenha sido ela própria que colocou o PMDB nessa “sinuca de bico” ao tentar emplacar a qualquer custo o ex-prefeito Veneziano como candidato ao Governo.
Fica evidente que o PMDB, depois de perder várias eleições majoritárias seguidamente, não reciclou seus métodos. Continua procurando soluções antigas para problemas novos. E de nada adianta colocar paletó novo num jovem se ele raciocina de forma arcaica, sem qualquer conexão com a realidade,
Há casos até piores do que o do PMDB, na política paraibana, pois o partido de Maranhão e da família Vital ainda não ousou confrontar-se diretamente a opinião pública, optando por escapismos fisiológicos rotulados de ‘ideológicos”, como se ainda houvesse um resquício de ideologia na política brasileira.
O PMDB estava dividido no período pré-eleitoral, mas soube manter seus problemas sob o tapete da sede da Beira Rio. Tudo que aconteceu antes era apenas o adiamento da erupção do vulcão do fisiologismo, dos interesses subalternos que movimentam os cordões da política.
Qualquer que seja o desfecho da missão do senador Vital Filho, iniciada na madrugada de hoje, só resta ao PMDB um caminho: resignar-se em ser coadjuvante no processo político atual. Os espaços de protagonistas, nesse cenário, já estão reservados para PSDB e PSB. Quem achava que nunca haveria uma “terceira força” nesse Estado acaba de ser apresentado a ela: o PMDB. E esse é um fato que não merece celebrações.