Rubens Nóbrega

Via Twitter, lancei ontem um apelo aos candidatos, partidos e coligações de João Pessoa para que pactuem com a Justiça Eleitoral a não realização de carreatas durante a campanha eleitoral deste ano.

Entendo que as carreatas só causam poluição ambiental e sonora e trazem pouco ou nenhum benefício aos seus promotores e participantes, mas seguramente prejudicam os pulmões e a audição do povo.

São prejuízos evidentes, indiscutíveis, que além de tudo multiplicam por dez os problemas do nosso já tão caótico trânsito nos chamados dias úteis e por cinco, no mínimo, nos finais de semana.

Entendo que muita gente boa participa de carreata por acreditar que o tamanho da fila de carros na rua, além de impressionar e mostrar força, será proporcional à votação do seu candidato.

Alguns, contudo, defendem carreatas por motivos bem diferentes. Sabem que elas têm pouco ou nenhum valor como manifestação política, mas servem para uns encherem os bolsos e outros, o tanque.

Há uma terceira possibilidade de explicação para certas pessoas que rodam nas carreatas. Essas vão porque forçadas, sob ameaça de perderem gratificações e outras boquinhas que lhes banca o erário.

Mas, para felicidade do colunista e de quem quer ver a cidade livre desse absurdo barulhento, por vezes violento, perigoso mesmo, pelo menos três campanhas na Capital não querem fazer carreatas.

Nas interações no Twitter, pela manhã, descobri que as coligações do PMDB, PT e PSDB já estavam pensando em abolir carreatas e priorizar passeatas, caminhadas, arrastões, passeios ciclísticos…

Maravilha saber que a causa já conta com o apoio de três das quatro principais chapas majoritárias (o PSB não se pronunciou). São elas, justamente, as que têm condições de financiar e realizar carreatas.

E uma delas, se fizer, tenha a certeza de que fará com o meu, o seu, o nosso dinheiro. Mas espero que não faça, até para mostrar que também assimilou o sábio ensinamento do padre e filósofo Manoel de Lima:

– O bem não faz barulho e o barulho não faz bem.


Um pedido irrecusável

O professor Oséas brindou-me com a sua confiança e generosidade ao enviar-me ontem, direto de Bananeiras, pedido de publicação de poema de sua autoria dedicado a Ronaldo Cunha Lima, seu dileto e estimado primo.

A ARTE DE LUTO
(Oséas Almeida Neto)

Os versos vão ser escritos pelo avesso
O final não aceitará ter o começo
E a noite não quer suceder o dia
O ritmo pode perder o seu compasso
Deixando a orquestra nesse embaraço
Sem poder executar a sinfonia

A poesia vai perder a sua estética
O poema ficará sem ter a métrica
E o soneto declamado ser ter rima
Deixando enfim a arte enlutada
Pela ausência triste e consternada
Do Poeta Ronaldo Cunha Lima

Só me cabe deferir

Se me der preferência, Professor,
e não lhe causar nenhum dissabor
publicarei no espaço que me cabe
pra dizer o que todo mundo sabe,
graças ao jornal que me acolheu:
o Poeta descansou, não morreu!
Negócio mal cheiroso

Vejam só o que me disse ontem o amigo Jota-Jota: “Rubens, operadores de limpa fossas, que há anos depositavam suas coletas por trás do Parque Arruda Câmara, na Capital, lutam na Justiça para reverter decisão do governo de exportar nossas matérias fecais para Pernambuco. Segundo eles, nesse caso aumenta quase cinco vezes o custo do transporte de cada carregamento. Mais uma vez, empresários pernambucanos lucram e nós pagamos a conta até quando se trata de nossa própria m…”.