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Pazuello diz que tratamento precoce 'fez e faz a diferença' para Covid

"O que fez e faz diferença para nós foi o tratamento precoce, a mudança de protocolo de cuidado aos pacientes com Covid-19", disse.

Em reunião virtual com outros ministros da Saúde dos países que formam o Mercosul, Eduardo Pazuello defendeu nesta quinta-feira (3) que a mudança de protocolo que passou a orientar o tratamento da Covid-19 “fez e faz a diferença” na evolução da doença no Brasil.

Em julho, o Ministério da Saúde mudou um protocolo e recomendou que pessoas com sintomas leves típicos da doença procurassem um médico, para diagnóstico precoce da Covid-19 – antes, a diretriz indicava a busca por ajuda profissional apenas em caso de sintomas mais graves.

Além disso, em maio, após determinação do presidente Jair Bolsonaro, a pasta divulgou um documento que ampliava a possibilidade de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para pacientes com sintomas leves do novo coronavírus, além dos graves. O próprio texto, porém, reconhecia a falta de evidências suficientes de eficácia, e o termo de consentimento do paciente citava risco de agravamento da condição clínica.

Na reunião, Pazuello voltou a falar que a curva de casos e óbitos do coronavírus no Brasil é “alongada” porque o país tem dimensões continentais e que diferentes regiões foram atingidas em momentos diferentes da pandemia. Em seguida, fez a defesa da mudança de protocolo para a busca de tratamento precoce.

“O que fez e faz diferença para nós foi o tratamento precoce, a mudança de protocolo de cuidado aos pacientes com Covid-19”, disse.

A reunião dos ministros da Saúde contou com representantes de membros efetivos do bloco – Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina – e um dos sete membros associados, a Bolívia. O outro membro efetivo, a Venezuela, segue suspensa do bloco.

Não houve transmissão online. O Ministério da Saúde divulgou apenas uma nota com trechos das falas do ministros, não a íntegra.

Pazuello pediu aos demais ministros uma atuação alinhada para enfrentar a pandemia de Covid-19 e as demais doenças que podem circular entre os países. O objetivo, disse, seria criar estratégias para controlar surtos ou endemias na região.

Foram apresentados no encontro dados epidemiológicos do coronavírus e de outras doenças, como dengue, zika, chikungunya e febre amarela, de todos os países participantes O ministro vem manifestando preocupação com outras doenças que não estão recebendo a devida atenção por conta da pandemia de Covid-19.

Em audiência no Congresso na quarta-feira, Pazuello afirmou que uma pandemia é sempre acompanhada de quatro ondas.

A primeira seria a própria doença, que tem altas e baixas de casos de infectados. A segunda são os problemas ao sistema de saúde provocados pelo represamento de tratamento das outras doenças, com o cancelamento de cirurgias eletivas e a postergação das ações para combater outros males.

“As terceiras e quartas ondas precisam ser compreendidas como resultado já da crise econômica que vem daí, com a violência doméstica, com o feminicídio, com os estupros domésticos, finalizando na sua última onda com a saúde mental, chegando ao suicídio e à automutilação. Isso está acontecendo no nosso país, são as quatro ondas da pandemia”, afirmou, ecoando um argumento já usado pelo presidente Bolsonaro.

O Brasil mantém posição divergente do bloco como um todo em relação à adoção do isolamento social como medida para evitar a propagação do novo coronavírus. No site do Mercosul está escrito em três idiomas, inclusive em português, a mensagem “Fique em casa. Não importa em qual idioma, é o que todos os países do Mercosul pedem a você”.

Na quarta-feira, durante sua participação na audiência no Congresso, o ministro voltou a atacar o distanciamento social ao afirmar que a campanha eleitoral recente provocou aglomerações.

“Eu vou colocar uma coisa que eu falei outro dia aqui: se todo o processo eleitoral dos municípios, com todas as campanhas, aglomerações e eventos, se isso não causa nenhum tipo de aumento de contaminação no nosso país, então não se fala mais em afastamento social, nós podemos falar em outra coisa. Mas algum reflexo tem que ter tido”, disse o ministro.

“Se esse vírus se propaga por aglomeração, por contato pessoal, por aerossóis, e nós tivemos a maior campanha democrática que poderia haver no nosso país, que é a municipal, nos últimos dois meses… Se isso não trouxe nenhum tipo de incremento ou aumento em contaminação, nós não podemos falar mais em lockdown nem nada”, disse.

Fonte: Folhapress
Créditos: Folhapress