PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Nego Fuba e Pedro Fazendeiro - Por Sérgio Botelho

No dia 10 de setembro de 1964, o Correio da Paraíba publicou uma matéria sobre o achado de dois cadáveres carbonizados, na região do Cariri Paraibano.

A matéria atribuía as mortes, com evidentes sinais de tortura e enforcamento, a mais uma ação perpetrada por um grupo paramilitar que assombrava Paraíba e Pernambuco chamado de Esquadrão da Morte.

Naquele momento, depois de estarem presos no Quartel do 15º Regimento de Infantaria, há dias que os líderes camponeses Nego Fuba (João Alfredo Dias) e Pedro Fazendeiro (Pedro Inácio de Araújo) estavam desaparecidos.

Ambos tinham atuação nas Ligas Camponesas de Sapé, uma tentativa de organização de tipo reivindicatória, num tempo em que os trabalhadores rurais nordestinos não tinham direito a se sindicalizarem.

Assim que instaurada a Ditadura Militar, em abril de 1964, recrudesceu a perseguição aos membros das Ligas Camponesas, agora com o poder federal associado definitivamente aos interesses dos donos de terra.

Após o anúncio dos corpos encontrados, os familiares e demais pessoas envolvidas com a busca pelos dois, imediatamente associaram as mortes a Nego Fuba e Pedro Fazendeiro.

Contudo, os corpos desapareceram e a investigação sobre a identidade de ambos nunca foi realizada. Na década de 1990, foram feitas novas buscas na região onde os corpos haviam sido localizados, mas nada foi encontrado.

Em 1995, a Lei 9.140 reconheceu como mortos os desaparecidos políticos do período ditatorial brasileiro, o que possibilitou às famílias de João Alfredo Dias e Pedro Inácio de Araújo receberem seus atestados de óbito.

Já nos anos 2010 a Comissão Estadual da Verdade da Paraíba e a Comissão Camponesa da Verdade retomaram o caso de Nego Fuba e Pedro Fazendeiro, sem sucesso.

Houve, a seguir, a pretensão do Ministério Público em ouvir o comandante do 15 RI, da época em que os dois desaparecidos estiveram presos naquele quartel, o major Cordeiro, mas não conseguiram.

Do episódio restaram mais ensinamentos sobre o que realmente significam as ditaduras, em quaisquer tempo e país, ou seja, um regime de completo desrespeito à vida humana, sempre em favor dos que exercem o poder absoluto.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.