Juarez do Nascimento Fernandes Távora nasceu no dia 14 de janeiro de 1898, com o regime republicano consolidado, embora envolto em conflitos. Segundo explica seu melhor apanhado biográfico, o do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc), da Fundação Getúlio Vargas, foi o 15º filho Joaquim Antônio do Nascimento e de Clara Fernandes Távora do Nascimento, fazendeiros e descentes de nobres portugueses fugidos do Marquês de Pombal.
A única herança, realmente, muito forte, que carregou durante toda a vida foi a de cultivar um espírito predominantemente insurgente. Foi uma vida vivida em sua fase inicial durante a Primeira República, onde reinavam as oligarquias e o mandonismo coronelista, participando de quase todas as sedições da sua época de jovem oficial.
Juarez Távora alcançou o posto de tenente em 1921 e, já em 1922, estava metido em conspirações contra iniciativas do governo federal do paraibano Epitácio Pessoa, mostrando descontentamento com a eleição do mineiro Arthur Bernardes, acompanhado do fechamento do Clube Militar e da prisão do seu presidente, o Marechal Hermes da Fonseca, gaúcho que havia presidido o Brasil entre 1910 e 1914.
(Hermes da Fonseca, gaúcho de São Gabriel, era sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca, alagoano que inaugurou a Presidência após a instalação da República no Brasil, com a queda de Monarquia, em 15 de novembro de 1889. No governo de Epitácio, apoiou a candidatura de Nilo Peçanha, primeiro presidente afrodescendente que exerceu a Presidência do Brasil entre 1909 e 1910).
A rebeldia rendeu a Juarez Távora a primeira prisão, no Corpo de Fuzileiros Navais, na Ilha das Cobras, segundo o Cpdoc. Daí em diante a vida militar e política de Juarez Távora foi tomada por urdiduras militares de alcance político, com alguns hiatos, praticamente até o final da vida.
A bandeira, até 1930, era a substituição das oligarquias por lideranças mais comprometidas com o liberalismo e o desenvolvimentismo, e o combate à corrupção.
Nesse contexto é que aderiu ao tenentismo, um movimento liderado por tenentes e capitães do Exército, cujo primeiro ato foi a já descrita revolta de 1922, que lhe rendeu a prisão ainda bem jovem. Daí em diante, teve participação sempre destacada na Revolução Paulista de 1924 e na Coluna Prestes, que varou o Brasil a partir de 1925.
Tudo isso resultou na vitoriosa Revolução de 1930, onde Juarez Távora teve a sua participação mais notável, resultando em participação de destaque na estrutura do poder resultante, e distinto envolvimento com a Paraíba.
Durante o governo revolucionário de Getúlio, foi contrário às eleições de 1934, considerando que era preciso continuar como regime ditatorial, com o fito de promover as reformas que considerava necessárias, conforme preconizadas pelos revolucionários de 1930. Após o golpe de 10 de novembro de 1937, manteve-se voltado para sua carreira militar, onde chegaria ao posto de general, em 1946.
Em 1954, no episódio do suicídio de Getúlio Vargas, jurou “nunca mais me envolver em tentativas de corrigir pela força os erros ou omissões dos nossos governantes”. Em 1955 foi candidato à Presidência da República no pleito em que foram eleitos Juscelino Kubitschek e João Goulart, perdendo por uma pequena margem de votos.
Em 1964, na condição de deputado federal pelo Partido Democrata Cristão, representando a Guanabara, não chegou a participar diretamente do golpe de 31 de março daquele ano, alegando fidelidade ao que jurara após o suicídio de Getúlio. Mas logo depois de instaurada a nova ordem, fez discurso na Câmara dos Deputados apoiando o movimento.
Na sequência, assumiu o Ministério da Viação e Obras Públicas, até 1967, quando se retirou da vida pública, até a morte, em 18 de julho de 1975, aos 77 anos.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.