Carlos Chagas
A política e a aritmética dispõem de algumas semelhanças. Basta somar para concluir que se Dilma tem 44 e Marina 46, vencerá no segundo turno aquela que receber a maior parte dos 17 dados a Aécio, no primeiro. Não é de hoje que essa situação se caracteriza, mas, com certeza, será a mais fascinante. Repousa nas mãos do derrotado a sorte da vitoriosa. Os aecistas, alijados da disputa deverão decidi-la. Por certo que se dividirão, mas minoritariamente. Uns vão preferir votar em Dilma, outros nos candidatos menores. Alguns, até, votarão em branco ou vão se abster. Mas a massa dos eleitores do senador mineiro seguirá um fluxo.
Qual? É prematuro concluir que Marina já está eleita, tendo em vista a sistemática oposição do PSDB aos governos do PT e até à tentativa de sedução que Marina desenvolve no rumo dos tucanos. Quem quiser que conclua, mas estamos em plena temporada de caça aos tucanos. Oficialmente o PMDB está com Dilma, menos por dispor do vice-presidente Michel Temer, mais porque a presidente detém a caneta e o poder. Estão com Dilma, não abrem, mas lembram o capitulo final da vida de Voltaire. Durante décadas o genial humanista lutou contra a Igreja, negando a existência de qualquer coisa depois da morte. Em sua hora final, porém, mandou chamar um padre, para confessar seus pecados. Os amigos espantaram-se. Como poderia renegar toda uma luta em defesa da razão? Piscando o olho pela última vez ele explicou: “continuo não acreditando, mas se por acaso eles estiverem certos?” |