Organização Mundial de Saúde defende uso de radiação contra o Zica vírus

Entidade destacou o potencial da liberação de mosquitos machos estéreis por irradiação

Cientista mostra mosquitos Aedes aegypti dentro de laboratório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Seibersdorf, na Áustria. 10/02/2016 REUTERS/Leonhard Foeger
Cientista mostra mosquitos Aedes aegypti dentro de laboratório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Seibersdorf, na Áustria. 10/02/2016 REUTERS/Leonhard Foeger

Os países que estão enfrentando o Zika vírus deveriam cogitar o uso de novas armas contra os mosquitos que transmitem a doença, como testar a propagação de insetos geneticamente modificados e bactérias que impedem que seus ovos choquem, disse a Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta terça-feira.

“Diante da magnitude da crise de Zika, a OMS encoraja os países afetados e seus parceiros a aumentar o uso tanto de antigas como de novas formas de controle de mosquito como a mais imediata linha de defesa”, disse a OMS em comunicado.

A entidade também destacou o potencial da liberação no ambiente de mosquitos machos estéreis por irradiação, uma técnica que foi desenvolvida pela Agência Internacional de Energia Atômica das Nações Unidas (AIEA).

O Zika, que está se propagando por todas as Américas, é transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, que a agência de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU), sediada em Genebra, descreveu como “uma ameaça oportunista e tenaz”.

Muitos cientistas acreditam que o Zika vírus pode estar ligado à microcefalia –uma má-formação craniana em recém-nascidos– e a uma doença neurológica grave em adultos, a síndrome de Guillain-Barré.

“Se estas supostas associações forem confirmadas, as consequências humanas e sociais para os mais de 30 países que detectaram surtos de Zika recentemente serão estarrecedoras”, declarou a OMS.

Combater a infecção em sua fonte, eliminando tanto quanto possível os mosquitos responsáveis pelas transmissão, está ganhando destaque na pauta da saúde pública, ainda mais quando se leva em conta que os mesmos mosquitos transmitem dengue, chikungunya e febre amarela.

Embora a fumigação com inseticida possa ser parte da solução, especialistas da OMS disseram que também recomendam que se estudem novas ferramentas, como um protótipo de mosquito geneticamente modificado desenvolvido pela Oxitec, a subsidiária britânica da farmacêutica Intrexon XON.N.

Os mosquitos machos são modificados de forma que sua prole morre antes de chegar à idade adulta e possa se reproduzir.

A OMS afirmou que seu Grupo de Aconselhamento de Controle de Vetores recomendou mais testes de campo da técnica em virtude de exames anteriores promissores nas Ilhas Cayman.

Outra opção é a liberação em massa de insetos machos esterilizados por doses baixas de radiação, que a AIEA já usou para controlar pestes de insetos no setor agrícola.

Outra abordagem alternativa é o emprego da bactéria Wolbachia, que não infecta humanos, mas faz com que os ovos de mosquitos fêmeas infectadas não choquem. Mosquitos com Wolbachia já foram utilizados para reduzir a dengue, e a OMS afirma que testes de campo em larga escala serão iniciados em breve.

Ainda se desconhece muita coisa sobre o Zika, inclusive se o vírus realmente causa microcefalia. A OMS crê que a suposta ligação poderá ser confirmada dentro de algumas semanas.

No Brasil, o Ministério da Saúde investiga 3.852 casos suspeitos de microcefalia em todo o país, segundo último boletim divulgado no dia 12 de fevereiro, sendo que 462 casos já tiveram confirmação de microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso central. Desses, 41 com relação ao vírus Zika.

Fonte: Reuters