Rubens Nóbrega

Pai nosso que estais no céu, não deixeis cair em tentação o nosso futuro prefeito. Livrai-nos do mal de vê-lo metido em corrupção, incidindo ou reincidindo em roubalheira, repetindo o que fizeram alguns ou muitos dos seus antecessores.

Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós seus devotos, mas falíveis eleitores. Rogai por nós agora, na hora do voto e, principalmente, depois que os nossos eleitos tomarem posse. Porque daí em diante… Só Jesus salva!

Ave Maria cheia de graça, bendito seja o fruto da nossa escolha, para que não aconteça com ele o que acontece a tantos outros que a gente planta no poder e no dia em que chega lá começa a apodrecer.

Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, a vós bradamos os degredados filhos deste solo; a vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrima em que se transformou a nossa amada terra.

Ó Clemente, ó Piedosa, que vossos olhos misericordiosos a nós volvei para nos poupar da tremenda decepção ou, sendo inevitável, para que tenhamos a capacidade de suportar toda a tristeza que é ser governada por gente má e incompetente.

Oh! Senhor, cuja misericórdia é infinita e cujos tesouros de compaixão não tem limites, olhai-nos com vosso favor e abreviai o império do mal que nos subjuga.


Deus de benevolência, não deixe de ouvir a oração deste exílio terreno e faça com que o governante do por vir cuide mais das pessoas, dos seus concidadãos, fazendo a todos indistintamente o bem, sem olhar a quem.

Oh! Senhor, bondade que escapa a nossa compreensão, sustentai-nos com vossa graça e continuai aumentando vossa misericórdia em nós, para que o nosso escolhido não se empenhe tanto ou tão somente em obras que podem lhe render votos e retribuições dos contratados e fornecedores.

Senhor, tende piedade de nós. Fazei com que o ungido pelas urnas priorize conservação e melhoria do que encontrou pronto, do patrimônio público que já existe, dos serviços públicos que receber para administrar, e que administre sem desativar nem descontinuar para mais tarde reativar e dá-los como seus.

Jesus Cristo, escutai-nos. Jesus, Rei de misericórdia, que tem redimido o mundo, que nos redima também da besteira de cairmos na conversa dos espertos, pois só assim, quem sabe, nunca mais seremos ludibriados de novo, no período eleitoral, por qualquer ímpio arrogante travestido de humilde.

Pai nosso que estais no céu, apesar de tudo e de todas as advertências, perdoai-nos se por acaso errarmos de novo, elegendo alguém similar a esses que em campanha prometem o Vosso Reino, assim na terra como no céu, e uma vez eleitos só querem saber do ‘venha a nós’.
Amém.

Calçadas quebra-pernas

A cidade de João Pessoa tem o seu Estatuto do Pedestre desde agosto de 2007, por iniciativa do vereador Tavinho Santos sancionada no dia 9 daquele mês pelo então prefeito Ricardo Coutinho.

Mas, para nossa imensa decepção, até hoje o Estatuto não foi implementado, mesmo o município sendo governado há mais de dois anos por um urbanista. Nem isso, infelizmente, garante incluir quem anda a pé na mobilidade urbana da gestão em curso.

Providências simples – como tapar os buracos, nivelar, regularizar e uniformizar o piso de nossas calçadas – fariam diferença enorme na vida dos sem carro.

O benefício de um governo cuidoso e cuidante alcançaria os transeuntes de todos os dias, os que caminham sobre as calçadas possíveis e enfrentam diariamente as impossíveis de pisar.

Na área central da cidade, então, a situação é calamitosa. Experimentem andar sem olhar pro chão, por exemplo, nas calçadas da parte mais velha e esquecida da Duque de Caxias ou da General Osório!

Tavinho bem que tentou

O nosso Estatuto do Pedestre nasceu de sugestões deste colunista e espelhou-se no que havia de melhor em outros grandes centros urbanos. De qualquer sorte, registre-se que Tavinho empenhou-se não apenas na formatação e aprovação da lei. Ele trabalhou por sua aplicação prática, pela validação da iniciativa no mundo real.

Na época, o vereador tentou inclusive força-tarefa com representantes da Prefeitura da Capital e do Ministério Público para conscientizar todo mundo de quão seria bom para todos e todas não botar sobre as calçadas as bicicletas, as motos, carros, placas, correntes e aqueles ameaçadores obstáculos pontiagudos.

O Estatuto está em vigor, diga-se, e prevê também um Conselho Municipal dos Direitos do Pedestre que até hoje não se instalou. Uma pena, pena mesmo.

Vamos apelar para o próximo prefeito, pois está visto que se depender do atual, assim como dependia do seu antecessor, o Estatuto do Pedestre continuará do jeito que está, ou seja, letra morte.

Lamentável, pois é uma boa ideia que não merecia dar uma topada e tanto na indiferença ou omissão de governantes que não se lixam para necessidades mais simples – mas nem por isso menos importantes – de seus governados.