Oposição interna à candidatura do PSB nas eleições de 2014 tem 'dedo do PT', diz líder do partido

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Folha

O líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS), identifica “o dedo do governo e de gente do PT” nos movimentos de resistência que surgiram dentro do partido contra uma eventual candidatura à Presidência do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

Em entrevista à Folha, por telefone, Albuquerque afirmou que as pressões não partem da presidente Dilma Rousseff, mas que ela deveria olhar seu governo “para ver se todos os ministérios estão respeitando a independência dos partidos”.

O líder do partido disse ainda que a candidatura de Campos está sendo construída por “90%” da sigla e que o PSB “não é um partido que nasceu e se criou para virar um PMDB, que nunca vai ter candidato a presidente”.

Leia a seguir trechos da entrevista.

Folha – Como o sr. vê esses movimentos contra e a favor da candidatura própria dentro do PSB?

Beto Albuquerque – Esses movimentos dentro do PSB têm o dedo do governo e de gente do PT. Infelizmente é uma pressão velada que tem interferido na reflexão de muitos quadros nossos.

Folha – Que tipo de pressão?
Pressão sobre projetos, financiamentos, uma série de coisas. O que eu acho um comportamento totalmente indevido, antidemocrático, nada republicano.

Folha – E como o sr. sabe disso?
Eu sei porque tem muita coisa não acontecendo. Acho que o governo da presidenta Dilma, que tem um histórico democrático, lutou pela democracia, tinha que dar uma olhada firme para dentro do seu governo para ver se todos os seus ministérios estão respeitando a independência dos partidos.

Folha – O sr acha que a pressão não parte da presidente?
Não dela. Mas ela, como comanda o país, tem que começar a se dar conta que esse não é o jogo democrático. Isso acaba interferindo no livre debate que os partidos têm que fazer e que vão fazer.

Folha – E até que ponto isso pode atrapalhar o PSB na escolha de seu candidato?
Não acho que vai atrapalhar, mas é um constrangimento desnecessário sobre algumas lideranças nossas. A decisão do PSB não é de capa preta, é de base e será tomada no momento certo. Tentam enfraquecer, mas o efeito é o contrário. Fortalece as nossas convicções.

Folha – Por que os governadores não denunciam a pressão?
Não seria o papel deles denunciar. Mas é natural que quem administra hoje, nessa relação, nesse pacto federativo que vivemos hoje, o governo federal sempre é visto, é tido e se impõe como mandachuva das decisões. A grande parte dos recursos de investimentos em infraestrutura e saneamento está centralizada na União. Então acaba que o prefeito e o governador muitas vezes têm que estar com o pires na mão ou até se sujeitando a ser enquadrado. Isso é um atraso na política brasileira. Verbas e cargos não podem ser ideologia que movem a política no Brasil.

Folha – O sr. acha que a candidatura de Eduardo Campos é irreversível?
Eu acho que a candidatura do Eduardo está sendo consolidada, construída com a grande maioria, com 90% do partido que quer ter um candidato a presidente. O PSB não é um partido que nasceu e se criou para virar um PMDB, que nunca vai ter candidato a presidente.

Folha – Qual o prazo que o sr. considera razoável para que o PSB deixe o governo?
Até o fim deste ano poderemos ter uma decisão definitiva. Não é um ministério ou outro que vai cabrestear um partido com a história que tem o PSB. Tem que sair na hora que tomar a decisão. Não tem que apressar. Nem o PT é capaz de dizer hoje se é a Dilma ou o Lula [seu candidato] nem vai se reunir hoje para discutir isso.

Folha – Por que não o PSB em 2018?
Não existe 2018 sem 2014.