A Paraíba terá muito a agradecer, futuramente, à Petrobras. Não porque supostamente a estatal garantiu que a distribuição de combustíveis via Cabedelo continua intocável, mas porque trouxe á superfície, escancarou, jogou luz sobre a forma mesquinha como se processa a política paraibana.
Num intervalo de 24 horas foi armado um imenso teatro (ou circo?) de mobilização de políticos para “reverter” o que parecia a inexorável desativação da gigantesca estrutura de recepção e armazenagem de combustíveis das distribuidoras no vizinho município de Cabedelo.
Na segunda-feira (5) um grupo de parlamentares estaduais e federais posou sorridente para fotos após uma audiência com a direção da Transpetro, no Rio de Janeiro. Na terça-feira (6) foi a vez do governador Ricardo Coutinho, também no Rio, dizer que a Petrobras garantia a permanência do armazenamento em Cabedelo. Nesta mesma terça, outro grupo esteve com o ministro das Minas e Energia, Édson Lobão, que ofereceu a mesma garantia.
O que surpreendeu, nesse vai e vem de políticos país afora gastando o meu, seu, nosso dinheirinho em passagens aéreas, alimentação, etc., foi a declaração atribuída à presidente da Petrobras – segundo o relato do Governador – de que ela só tomou conhecimento desse problema no momento da audiência.
A ser verdade o que disse a presidente da Petrobras o que existia, na realidade, era um factoide, algo criado pelos próprios políticos para se promoverem em falsa mobilização visando a ludibriar a opinião pública, estimulando um clima de comoção sob uma falsa premissa e, com isso, auferir prestígio pois o final feliz já estaria garantido.
É necessário observar, também, que nenhuma autoridade federal – da Transpetro, da Petrobras ou do Ministério das Minas e Energia – se manifestou publicamente, de viva viz ou através das assessorias, para confirmar – ou desmentir – que haveria desmobilização da estrutura em Cabedelo e, por conseguinte, que a desativação havia sido cancelada.
Nesta quarta-feira (7) a sessão ordinária da Assembleia não foi naturalmente ordinária, como na semana anterior, porque finalmente um punhado de deputados compareceu ao plenário e destravou a pauta repleta de vetos, finalmente realizando votações. Nenhum dos parlamentares presentes à Casa comemorou a decisão da Petrobras.
Estranho, muito estranho, mesmo.