O ruim é a confirmação de que Patos precisa realmente de tropas federais - Por Rubens Nóbrega

TRE atesta desequilíbrio - Por unanimidade, o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) acatou ontem o pedido de tropas federais para garantir, em Patos, tranquilidade e segurança à população em geral e aos eleitores em particular no próximo dia 26, data da votação do segundo turno das eleições deste ano. Além disso, aí estaria o mais importante, a presença do Exército nas ruas do nosso quinto maior colégio eleitoral asseguraria também a paridade de armas e a igualdade entre as partes que disputam o cargo de governador do Estado.

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TRE atesta desequilíbrio – Por unanimidade, o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) acatou ontem o pedido de tropas federais para garantir, em Patos, tranquilidade e segurança à população em geral e aos eleitores em particular no próximo dia 26, data da votação do segundo turno das eleições deste ano. Além disso, aí estaria o mais importante, a presença do Exército nas ruas do nosso quinto maior colégio eleitoral asseguraria também a paridade de armas e a igualdade entre as partes que disputam o cargo de governador do Estado.

Bem, esse é o lado bom, digamos, da decisão do TRE. O ruim é a confirmação de que Patos precisa realmente de tropas federais porque lá a Polícia Militar estaria se comportando com parcialidade em favor da coligação governista. E quem assim afirma não é o colunista, muito menos qualquer expoente da oposição que resta na Paraíba. A instrumentalização da força pública em benefício do candidato à reeleição está registrada em documento encaminhado àquele Tribunal pelo Juiz Ramonilson Alves, titular da 28ª Zona Eleitoral.
É claro que a PM, por seu Comando Geral, negou publicamente que o seu destacamento nas Espinharas esteja a serviço do projeto político do comandante-em-chefe da corporação. E o fez tão logo soube do que o Doutor Ramonilson colocara no ofício enviado no último dia 9. O juiz foi contestado também por uma colega sua, a Doutora Ana Maria do Socorro Hilário, da 65ª Zona Eleitoral, que mandou dizer ao TRE ser desnecessária a convocação de tropas federais para Patos, inclusive porque, na avaliação dela, as informações sobre o facciosismo da PM não passariam de ‘rumores’.

 

Mas o que valeu…
Acredito que o TRE tomou conhecimento, pesou, mediu e peneirou as manifestações contrárias à posição do Juiz Ramonilson, mas no final acolheu como válidas e verdadeiras as constatações do magistrado. E o que ele diz sobre o que teria ocorrido no primeiro turno em Patos é de uma gravidade imensa. Pior: o que ele botou no papel reforça enormemente a impressão generalizada de que nunca antes na história da Paraíba houve tamanho desequilíbrio das condições políticas e materiais de concorrência entre duas chapas majoritárias. Tanto que a própria Justiça Eleitoral parece reconhecer a situação e tenta, mediante decisões como essa, sinalizar que está atenta e pode muito bem não apenas frear como punir, oportunamente, as condutas vedadas de quem se acha acima da lei e de todos os cidadãos.
O que disse o juiz

• “Lamentável, numa esquisita omissão, a PM assistiu passivamente às organizações criminosas de delitos eleitorais e massiva distribuição de combustível ocorrida em simultaneamente em vários postos de combustíveis da cidade, no dia 4 de outubro, às vésperas das eleições”.
• “A dificuldade nos controles das carreatas foi o maior problema. Foram denúncias de corrupção eleitoral, com a distribuição de combustível, infrações de trânsito e briga durante o percurso entre coligações rivais”.
• “Não é possível conferir total confiança na atuação da Polícia Militar da Paraíba. É fato que quando alguma irregularidade ou ilicitude é praticada na campanha da candidatura adversária ao do governador, a fiscalização é intensa e elogiável a ação da PM. No entanto, quando a candidatura é da própria ou simpática ao governador é reticente e estranha somente ocorre sob a vigilância e pressão dos agentes do Ministério Público, do magistrado ou da Polícia Federal. O que é muito ruim”.
Bota ruim nisso, Doutor. O único consolo possível é saber que se tudo isso ocorreu é porque alguém mandou, manda e quem faz, obedece. É assim que funciona numa organização militar.

 

Pesquisa surpreende
Pelo menos a este colunista, surpreendeu e muito o resultado da pesquisa Ipespe que este Jornal da Paraíba divulga hoje, embora já tenha exposto todos os números no seu portal de Internet ontem à noite.
A surpresa decorre naturalmente da expectativa de um placar mais apertado nas intenções de voto para o segundo turno da eleição para governador. Baseava-me no próprio resultado da eleição de primeiro turno, que colocou Cássio Cunha Lima (PSDB) apenas um ponto percentual na frente do seu principal adversário, Ricardo Coutinho (PSB).
Mas é bom deixar bem claro que a surpresa não significa, em absoluto, desconfiança quanto à lisura e integridade do trabalho do Ipespe, instituto que reputo sério e competente. Lembrando ainda que ao contrário de muita gente boa ou bem mais esperta não costumo desqualificar as pesquisas do gênero realizadas na Paraíba.
Primeiro porque, nunca é demais repetir, pesquisa reflete o momento em que é realizada. Segundo, pesquisa não é votação, não é eleição, embora antecipe tendências do eleitorado. Terceiro, acho muito pouco provável que uma empresa do gênero, ainda mais uma de porte regional, fraude seus dados ou erre deliberadamente para favorecer essa ou aquela candidatura, atendendo a uma circunstância eleitoral.
Instituto que trabalha desse jeito atira no próprio pé, suja um cartaz e mancha um crédito tão caros quanto difíceis de conseguir nesse meio. Resumindo, se o Ipespe diz que Cássio lidera com boa vantagem essa corrida é porque é exatamente o que está acontecendo neste momento do segundo turno.