O extermínio continua

fotoPaulo Santos

O foco das manifestações e protestos, em João Pessoa, continua sendo um tanto disperso. Pegou carona na reivindicação pela redução das tarifas de transporte coletivo e alcançou parcialmente os objetivos. O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, saiu na frente derrubando preços das passagens de ônibus urbanos.

O Estado, talvez à espera de que os ânimos arrefecessem ou devido a compromissos inconfessáveis com empresários, demorou para tomar a iniciativa para tomar a mesma providência no que diz respeito ao transporte intermunicipal. Antes tarde do que nunca: a redução passa a valer nesta segunda-feira (1º).

Está tudo muito bom, está muito bem, mas um problema infinitamente maior está à vista de todos, mas as manifestações o deixam marginalizado: o extermínio de jovens na Grande João Pessoa. Somente entre sexta à noite e o sábado (29) foram quatro assassinatos. Um deles com direito á volta dos criminosos para “terminar o serviço”, em Cruz das Armas.

Deste lado do balcão se pergunta: até quando? Está difícil estabelecer prazos para o fim dessa barbárie porque os órgãos responsáveis porque os órgãos de segurança – não só da Paraíba, diga-se de passagem – parecem estar esperando que as manifestações populares tirem palácios e prefeituras da mira e coloquem os prédios onde estão encasteladas as ditas “autoridades”.

O bairro de Mandacaru, em João Pessoa, tornou-se um território parecido com o auge da guerra do Iraque ou do Afeganistão. Raras são as noites em que os moradores do “Marcos Moura”, em Santa Rita, ou do Alto das Populares, em Bayeux, não têm o sono interrompido pelo barulho dos tiros.

Esses estampidos não ecoam próximo às autoridades. Elas não também não ouvem os gritos apavorantes do garoto que foi perseguido e executado nas escadarias de um prédio em Manaíra, na noite desta sexta (28), quando tentava se safar dos seus perseguidores na rua que começa na Epitácio Pessoa e termina no shopping.
É cada um por si e Deus por nós. O resto é estatística.

CÍCERO
Seria comovente, se não fosse cômico, o apelo do senador Cícero Lucena ao término de uma entrevista, nesta sexta-feira (28), na Arapuan FM de João Pessoa. Ele pediu que o eleitorado rezasse para tentar comover Cássio Cunha Lima a aceitar a candidatura neste 2014 ao Governo do Estado. O parlamentar que me perdoe, mas é apelação das brabas. O que parece: Cícero finge ser oposição a Ricardo Coutinho, mas está satisfeito com o que está aí para sair em busca da reeleição. Os negócios dos tucanos e de seus familiares nunca tiveram tanto lucro como atualmente.