Ninguém na política paraibana tem mais dúvidas de que o verdadeiro pré-candidato das oposições no estado ao governo da Paraíba é o senador da República Efraim Morais Filho (UB). Seus atos e gestos já o colocam como o candidato da direita, com discursos críticos ao governo do presidente Lula (PT), cujos resultados práticos foram a entrega dos cargos federais ao governo.
Esse seu posicionamento e sua hábil articulação o levaram a ser um parceiro imediato do grupo bolsonarista, onde já fez uma aliança e passou a ser o pré-candidato dessa união, que vem ganhando musculatura e confiança daqueles eleitores que desejam uma mudança na administração do estado.
Essa sua estratégia de investir nesse posicionamento o coloca na vanguarda dos protagonistas da política oposicionista no estado, diferentemente de alguns que se dizem oposição na Paraíba, mas em Brasília são governo — o que provoca dúvidas no eleitor paraibano diante de uma postura dúbia.
Aliás, há até lideranças políticas que estão no governo e, ao mesmo tempo, em tratativas com seus antigos adversários, o que coloca em xeque sua lealdade dentro do próprio agrupamento e gera desconfiança entre seus atuais adversários, que hoje desejam sua aproximação. Mesmo sabendo que não terão a mesma confiança, ainda o querem com a única intenção de usá-lo em um eventual segundo turno.
Em outras palavras, está mais do que evidente — pelo menos até o momento — que as oposições querem Cícero Lucena (PP) e Adriano Galdino (Republicanos), mas com a intenção de apoiar Efraim Filho no futuro, que é o candidato natural que o grupo oposicionista vem trabalhando há muito tempo.
Mesmo sabendo que, momentaneamente, Cícero Lucena ocupa a primeira colocação nas pesquisas, já se observa que Efraim Filho está em ebulição e que, com o passar do tempo, haverá tendência de polarização entre candidaturas em nível nacional, cujos reflexos respingarão na Paraíba.
Isso tornará inevitável uma rivalidade entre o agrupamento que defende o governo do presidente Lula e o que defende a direita de Bolsonaro, favorecendo tanto Lucas (caso seja o candidato do governo) quanto Efraim (candidato da oposição). Nesse cenário, a candidatura de Cícero Lucena tende a ficar em “hibernação”, sem um discurso forte e, mais ainda, sem a máquina da Prefeitura de João Pessoa e sem o apoio da Prefeitura de Campina Grande.
Vale lembrar que o prefeito Bruno Cunha Lima (UB) deverá ser recíproco a tudo que Efraim Filho fez por ele — tanto filiando-o ao UB quanto no apoio maciço à sua reeleição, além das transferências de diversas emendas parlamentares para investimentos em obras na “Rainha da Borborema”.
Claro que o prefeito Cícero Lucena, praticamente rompido com o grupo do governador, sabe das consequências que virão contra si: lutar contra uma direita conservadora e, muitas vezes, radical, que não o vê como opção de mudança administrativa; e, ao mesmo tempo, enfrentar a “máquina estadual”, que já conta com o apoio de grande fatia dos prefeitos paraibanos.
Só para se ter uma ideia, o Portal “Polêmica Paraíba” divulgou nesta semana uma pesquisa feita pelo jornalista Vítor Azevêdo entre os prefeitos do Brejo paraibano, mostrando que Lucas Ribeiro conta com o apoio de 31 prefeitos que englobam as microrregiões de Guarabira, Brejo e Itabaiana — isso sem citar ainda o apoio do presidente da Câmara Federal, outra “máquina poderosíssima”.
Não é algo fácil. Isso pode colocar Cícero durante a eleição em segundo plano, ou seja, restando-lhe apenas o papel de apoio no segundo turno.
Este mesmo exemplo do prefeito Cícero Lucena também cabe para o presidente da Assembleia, Adriano Galdino, que paulatinamente vai ficando politicamente “asfixiado”. Mesmo tendo discurso afinado em defesa do presidente Lula, dificilmente encontrará partido para se candidatar.
O Republicanos, ao qual é filiado, deve apoiar a reeleição de Lucas Ribeiro. Se sair para a oposição, de um lado encontrará a candidatura de Cícero Lucena ou Pedro Cunha Lima (PSD), onde não teria chances. Do outro, se fosse para o lado de Efraim Filho, seria praticamente impossível, tendo em vista que o senador apoia o candidato da direita na esfera nacional, enquanto Adriano Galdino apoia o candidato da esquerda. Nessas alturas, seria difícil mudar o discurso, pois perderia a coerência do que vem pregando.
Talvez, para o presidente Adriano Galdino, a melhor saída fosse o recuo e, quem sabe, aceitar ser vice na chapa de Lucas Ribeiro, indicando uma de suas filhas para ocupar seu lugar na Assembleia Legislativa, ou até mesmo apelar para pleitear uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE), que é um de seus grandes sonhos. Assim, permaneceria dando apoio ao governo em vez de ficar procurando “sarna pra se coçar”, como se diz lá no meu interior.
Diante de tudo isso, vemos que ainda haverá muitos desdobramentos, cujo epílogo final será de muitas emoções, principalmente nas eleições de 2026, que serão uma das mais importantes da história após a redemocratização brasileira.
Quem viver, verá!
Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Polêmica Paraíba