Nonato fala da Conjuntura e defende Agra/Roseana

Walter Santos

O vice-prefeito de João Pessoa, jornalista Nonato Bandeira, enviou email à Coluna, a ser descrita na integra mais na frente, expondo sua opinião sobre a conjuntura na qual se considera aliado incondicional do ex-prefeito Luciano Agra e nega qualquer envolvimento conspiratório. Ele pontua a realidade de entendimentos entres setores próximos a Agra e diz que respeitará sua decisão partidária para segui-la. “Quanto à companheira Roseana Meira, observo que existe uma campanha aberta para tentar desqualificá-la, como gestora e como agente política”, sai ele em defesa.

LEIA A INTEGRA DO EMAIL:

“Meu caro Walter Santos,

Confesso que não entendi meu nome citado em sua coluna como parte das tramas maniqueístas e sem conteúdo político-ideológico que permeiam nossa pobre política. Até por acompanhar minha trajetória há uns 30 anos – quando comecei aos 17 como revisor de O Norte e você já despontava no mesmo local como um jornalista promissor que o futuro acabou por confirmar e ampliar – sabes muito bem de minha postura e trajetória. No jornalismo, na política, na vida.

Talvez por estás convivendo diariamente, por força da profissão, com práticas políticas titubeantes, mutantes, inconsistentes, fisiológicas, de gente pulando de galho em galho, trocando cargos e vantagens por amizade e gratidão, é que tendes a misturar ou imaginar que eu possa alternar posições consolidadas por quaisquer cantos das sereias e facilidades que, por ventura, nos seriam apresentadas em determinadas ocasiões.

Caro Walter, só tive um partido político na vida e pertenci também a um único grupo político. Quando deixei esse grupo, onde diziam que eu era ‘primeiro-ministro’, ‘amigo do rei’ e outros exageros do tipo, fui ao governador e entreguei o cargo, as ‘medalhas’ e os congêneres funcionais, justamente por discordar dos métodos e da postura adotados por quem ajudei a colocar no poder máximo na Paraíba.

Fui chamado de “doido” e “acabado para a política” por deixar tudo e partir, conforme disseram, a um vôo cego junto com outros companheiros liderados por Luciano Agra. Essa ‘aventura’ foi aprovada pela população e o resultado todos conhecem. Esse movimento correto e vitorioso não tem titubeios, negociações ou negociatas. É caminho livre, sem volta. Eu ando para frente, de cabeça erguida. Jamais “falando de lado e olhando pro chão”, como canta o mestre Chico Buarque.

Luciano Agra, Roseana Meira e muitos outros valorosos companheiros e companheiras estão nessa caminhada. A gratidão, caro Walter, é a maior virtude do ser humano. Estou com Agra para o que der e vier, em qualquer circunstância, sem condicionamentos. Ele hoje não tem mandato, cargo, caneta, nem tinteiro. Sequer um partido. Contrariando outra máxima de nossa política, não sou e nem serei amigo da casa, mas sim dos donos da casa e de todos os seus moradores e até vizinhos que quiserem e merecerem nossa amizade.

Troco os cargos por encargos, por trabalho, atenção, respeito, carinho. Luciano Agra é livre para escolher o partido que vai entrar, de acordo com uma estratégia política clara que não o aprisione, que não o condicione ou não o leve, lá na frente, talvez a apoiar um esquema político que o perseguiu tanto. Como disse certa vez o altivo e coerente vereador Bruno Farias sobre episódio político semelhante da Philipéia: “O treinador da Argentina não pode querer escalar a seleção brasileira”. Nem o da Argentina, nem os amigos portugueses, completaria. Nós já mostramos que não aceitamos imposição, pressão, venha de onde vier. Queremos parceria, jamais subserviência.

Nossas decisões não são isoladas, mas coletivas e pensadas. Aqui não cabe projetos individuais, familiares, totalitários, nem de partido único. Também consultamos os aliados, pois a vitória e o poder advindo dela devem ser divididos, jamais absolutizados. Desde meninos lá na vossa Torrelândia sabemos: dono da bola que se escala e encerra a pelada no grito, acaba jogando sozinho e, quando marca um gol, não tem um abraço amigo para comemorar.

Agra tem consultado muita gente e precisa ter liberdade antes de tomar a difícil decisão. Está ciente também de sua responsabilidade com quem o ajudou a governar, quem teve altivez, coragem e fez a travessia com ele rumo à vitória. Essas pessoas precisam ser protegidas, nunca pressionadas ou abandonadas.

Quanto à companheira Roseana Meira, observo que existe uma campanha aberta para tentar desqualificá-la, como gestora e como agente política. O maior atestado do excelente trabalho de Roseana à frente da Saúde foi o próprio resultado das eleições, quando os adversários escolheram esse tema como alvo predileto, não encontrando eco fora de uma elite arrogante que não usa e nem precisa desses serviços públicos. Além de séria e competente, é umas das mais aguerridas militantes políticas que já conheci.

Grato pela publicação,

Nonato Bandeira

Jornalista. Atualmente, vice-prefeito da Capital

NOTA DA COLUNA/BLOG:

Como se vê, não se pode falar de Agra e Roseana Meira sem se referir a Nonato Bandeira pelas razões elencadas por ele próprio. O fato é que há uma conjuntura explicita por ele próprio permitindo a cada um construir sua conclusão – tudo normal, natural, dentro do imaginário concebido.

No tocante a Roseana, quando ele diz que há uma campanha aberta para desqualificá-la – eis que assumo discordância peremptória, como dizem os letrados do bairro da Torre, porque as menções feitas a ela, inclusive pela Coluna, nunca deixaram de respeitá-la. Agora, como ela tem agido para gerar instabilidade no Governo, especialmente na área de Saúde, tem idade e responsabilidade para assumir as consequências.

Quanto ao futuro do ex-prefeito, como ele é soberano nas suas decisões haverá de fazê-lo com acompanhamento nosso de muito respeito e admiração.

Agora, querer tratar de bastidores e de política sem mencionar as pessoas é o que não faria o menor sentido.

ULTIMA

“Quando um não quer/ dois não brigam…”