Netinho amarelou

Nesta eleição, as sucessivas “viradas de casaca”, mudanças de lado, troca-troca de aliados e traição, como queiram, não são mais surpresas. Incoerência e infidelidade, muito menos. Tornaram-se atitudes comuns. Mas algumas mudanças nesse jogo são sempre emblemáticas pelo peso que podem provocar e pela história que há por trás dos personagens. Uma delas, nós já tratamos aqui, foi o apoio da candidata a deputada estadual Tatiana Medeiros, do PMDB, a Ricardo Coutinho (PSB), candidato ao governo. Tatiana não teria seguido a indicação de seu mentor político, Veneziano, irmão Vital do Rêgo Filho.

A outra jogada que chamou atenção e vale um destaque aqui, foi a de Netinho, prefeito de Santa Rita. O prefeito da terceira maior cidade do estado esperou até os 45 minutos do segundo tempo para anunciar apoio a Cássio Cunha Lima, candidato ao governo pelo PSDB. O partido dele, o PR, já está com o tucano, mas ainda não havia entrado na corrida eleitoral para pedir voto para CCL, como fez ontem. Declarou apoio nas redes sociais, sites e até gravou depoimentos distribuídos por meio dos aplicativos de troca de mensagens. Na gravação, Netinho pede voto para Cássio e diz que tomou a atitude “para que a nossa cidade (SR) seja ‘melhor’ vista pelo governo do estado, para que a nossa cidade volte a ter crescimento. Eu preciso de um governador que seja aliado e amigo meu e Cássio demonstrou isso nas suas ações”, declarou. Logo depois que assumiu a prefeitura, em um encontro com o governador Ricardo, Netinho disse que mesmo os partidos sendo adversários, iriam trabalhar em parceria com o governo. Naquele dia, o estado entregou mais de duas mil casas. “Somos parceiros. A cidade de Santa Rita é parceira do governo do estado”, afirmou na época.
Netinho assumiu a prefeitura da cidade depois que Reginaldo Pereira foi afastado pelos vereadores, acusado de várias denúncias. À “boca miúda” se diz que Ricardo Coutinho trabalhou nos bastidores para isso acontecesse porque contava com o apoio de Netinho nesta eleição. Por isso, o caso é tratado como “traição”, como rasteira. A adesão de Netinho a Cássio, com certeza, fere de alguma forma a campanha de Coutinho na região metropolitana, onde precisa se superar para diminuir o impacto da votação que é prevista para Cássio, em Campina, segundo maior colégio eleitoral. E essa não é a última cartada de CCL para minar a votação do adversário no litoral. Netinho, apesar de não ter mostrado ainda para que veio, em Santa Rita, ainda tem uma liderança e popularidade consideráveis na cidade. Outra liderança da região metropolitana estaria clareando, perdendo o vermelho da cor laranja para amarelar. Se não agir rápido Coutinho vai sofrer outro baque.

Pesquisa I
As pesquisas internas da equipe de Cássio dão como certa a vitória dele no primeiro turno. O tucano teria 45% contra 38% de Coutinho.

Pesquisa II
As consultas para consumo interno dos socialistas trazem empate técnico. Cássio estaria com 40% a 43% e RC também estaria nessa faixa. Ou seja, terá segundo turno, para eles.

Citação
Cássio foi citado em uma lista publicada pela revista Carta Capital por ter recebido doações de campanha de envolvidos com trabalho em situação análoga a escravidão.

Eleitoreira
O tucano e outros 60 candidatos aparecem no levantamento da ONG Transparência Brasil. Pena que informações importantes como essa, a essa altura do campeonato, soam apenas como eleitoreiras.

Disputa acirrada
A três dias da eleição, Marina (PSB) e Aécio (PSDB) travam uma disputa estimulante pela segunda colocação. Ela tem 24% e ele 21%, um empate técnico segundo o Datafolha e Ibope. Dilma (PT) segue na liderança com 40%.

Expectativa
Com expectativa de que vai surpreender nas urnas, o candidato a senador Lucélio Cartaxo (PT) segue em busca de adesões nessa reta final de campanha.

Cajazeiras
No Sertão, conta agora com o apoio de 4 vereadores de Cajazeiras: Marcos Barros (PSB), Léa Silva (DEM), Moacir Menezes (DEM) e Eriberto da Cagepa (PP).

Bastidores
No site do JP (jornaldaparaiba.com.br) você confere os bastidores do debate da Rede Paraíba com os candidatos ao governo. Um excelente trabalho de Ricardo Oliveira e Othavio Farias.

Campanha
Na reta final, MPF reforça campanha por uma disputa justa. Foram distribuídos cartazes em vários locais de grande circulação para reforçar o que pode e o que não pode nas eleições.