Não sei para onde vai o PMDB da Paraíba e duvido que os próprios peemedebistas saibam, por Rubéns Nóbrega

Chegar a um consenso em momentos decisivos como esse é algo que o PMDB jamais experimentou, nem local nem nacionalmente. Vale dizer: nem no tempo do Doutor Ulysses. Porque é da natureza e tradição peemedebista funcionar como federação de interesses. Está no seu DNA a multiplicidade de visões e pontos de vista. É coisa herdada do velho MDB de guerra, o partido da oposição consentida à ditadura militar que nos anos de chumbo serviu de biombo, escudo e esconderijo para militantes e partidos de esquerda clandestinizados pelo golpe de 64.

PMDB PB

(A natureza do PMDB, Por Rubéns Nóbrega – Jornal da Paraíba ) Não sei para onde vai o PMDB da Paraíba, se fica com Cássio Cunha Lima (PSDB) ou com Ricardo Coutinho neste segundo turno. E duvido que os próprios peemedebistas saibam. Na mesma ignorância devem estar muitos dos filiados, dirigentes e até lideranças mais proeminentes da legenda. Pelo simples fato de ser impossível alguma unanimidade no ainda maior partido da Paraíba e do Brasil.

Chegar a um consenso em momentos decisivos como esse é algo que o PMDB jamais experimentou, nem local nem nacionalmente. Vale dizer: nem no tempo do Doutor Ulysses. Porque é da natureza e tradição peemedebista funcionar como federação de interesses. Está no seu DNA a multiplicidade de visões e pontos de vista.
É coisa herdada do velho MDB de guerra, o partido da oposição consentida à ditadura militar que nos anos de chumbo serviu de biombo, escudo e esconderijo para militantes e partidos de esquerda clandestinizados pelo golpe de 64.
Tanto que no finado Movimento Democrático Brasileiro cabia de Miguel Arraes a Tancredo Neves. De Simão Almeida a Humberto Lucena. Pra vocês terem uma ideia, por lá se abrigaram, alternadamente, outros políticos da melhor qualidade feito Antônio Mariz e Marcondes Gadelha, que em momentos distintos filiaram-se ao MDB porque não podiam conviver sob o mesmo teto por força de injunções paroquiais.
É preciso dizer, contudo, que toda federação tem comando uno, mesmo que seus membros sejam autônomos. Mas, em se tratando do PMDB, não apostaria um centavo que ordens e diretrizes de cúpula venham a ser observadas ou obedecidas. No caso presente, podemos dizer até que a chefia partidária reunificou-se sob a força de José Maranhão e sua espetacular vitória para o Senado. Mas a façanha eleitoral do ex-governador não deve ser capaz ou suficiente para realinhar todo o partido.
Implodindo Veneziano

Digo desse jeito porque a seção paraibana da agremiação já deu uma boa mostra de como é ou pode ser na fase de pré-campanha, mesmo tendo uma pré-candidatura competitiva como a de Veneziano Vital. Não, não vou chorar esse leite derramado. Apenas fazer um pouco de engenharia de obra feita para lembrar que as divergências e dissidências intestinas, com cada grupo familiar ou expoente isolado tentando salvar a pele ou algum mandato, terminaram por implodir o projeto do ex-prefeito campinense. Tivesse persistido e acreditado no potencial do Cabeludo, quem sabe hoje, em vez de discutir se veste amarelo ou laranja, talvez o PMDB estivesse oferecendo uma camisa vermelha para Cássio ou Ricardo vestir.

 

Nunca antes em Jampa

Sob esse título, o Professor (e jornalista) Derval Golzio escreveu e generosamente me confiou um contundente comentário no qual avalia como ‘pífio’ o desempenho de Lucélio Cartaxo (PT) na disputa pela vaga de senador. “Apesar das duas máquinas (Estado e PMJP)”, acentua, referindo-se ao fato de o petista ter sido apoiado pelo governador Ricardo Coutinho e, obviamente, por Luciano Cartaxo, irmão do candidato e prefeito de João Pessoa.
Mas, para além da alusão ao suposto aparelhamento da administração pública estadual e municipal em benefício daquela candidatura, Golzio atribui o insucesso de Lucélio ao fato de “a aliança entre duas forças que até bem pouco tempo eram antagônicas (eleição para a PMJP)” não ter sido “bem digerida” pelos eleitores. “Sem contar que o que Ricardo Coutinho prometeu para Luciano Cartaxo redundou em estelionato eleitoral, que deixou Lucélio a uma distância abissal do senador eleito, Zé Maranhão!”, acunha o analista, acrescentando: “Por último, se tivesse se aliado ao PMDB, agora é possível visualizar, Lucélio Cartaxo teria mais, muito mais chances de ser eleito. Pifaram as avaliações dos orgânicos ligados ao prefeito Luciano Cartaxo e sobraram votos para Maranhão!”.
O Professor diz ainda que “a política adotada pelo prefeito da Capital não foi apenas ruim para o irmão candidato”. Também “levou o PT a uma pequenez nunca vista antes em toda a história”. Para respaldar o que afirma, lembra que “o PT perdeu uma vaga na Assembleia Legislativa (de três em 2010 para duas em 2014); a votação de Dilma e do PT nunca foi tão pequena na Capital e até Luiz Couto decresceu em termos eleitorais (obteve mais de 100 mil votos em 2010 e menos de 70 mil em 2014)”
‘Resumo da ópera’

O título desse último tópico é também extraído do escrito de Derval Golzio, que no arremate adverte para os ‘enormes os riscos’ que o PT estaria correndo por insistir na aliança com o governador. “No desespero de permanecer no cargo, Ricardo tenta negociar com o prefeito de João Pessoa e com Veneziano Vital a candidatura ao Governo do Estado em 2018. Acena ainda com a possibilidade de inviabilizar concorrência do seu partido, o PSB, à Prefeitura da Capital, minimizando os riscos da permanência de Luciano Cartaxo em uma possível reeleição. Os antecedentes mostram que os acordos com o atual Governador valem pouco: ele rasgou um acordo assinado com Avenzoar Arruda que garantia apoio ao ex-deputado federal (hoje no PSOL) a disputa pelo Executivo de João Pessoa. Também rasgou acordo com Zé Maranhão para o Governo do Estado e desenvolveu uma propaganda que chamava o agora eleito senador de ‘velho gagá’ em 2010. Ainda sobre a eleição deste ano é importante lembrar que Ricardo tentou cassar a candidatura de Zé Maranhão por pelo menos duas vezes”.