violência brutal

'Me ajuda, Milena', gritou à esposa homem morto por segurança e PM em mercado no RS

"Quando eu cheguei lá embaixo ele já estava imobilizado. Eu tentei me aproximar, mas os seguranças me empurraram. Ele disse para mim: 'Me ajuda, Milena'", contou a esposa

Das compras no supermercado até a cena de um crime. Duas cenas conhecidas marcadas na memória de Milena Borges Alves, 40 anos, esposa de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, ontem após ser agredido por um segurança do Carrefour e um policial militar temporário .

Em entrevista para a Rádio Gaúcha, ela contou que estava pagando como compras, enquanto o marido foi na frente em direção ao estacionamento, no piso inferior da loja. No caminho, chegou a fazer um sinal para ela, que achou que fosse uma brincadeira.

“Quando eu cheguei lá embaixo ele já estava imobilizado. Eu tentei me aproximar, mas os seguranças me empurraram. Ele disse para mim: ‘Me ajuda, Milena'”, contou a esposa.

Conforme a esposa, Freitas era uma pessoa brincalhona e de alto-astral. “Ele estava sempre brincando, estava sempre com o gato dele”, observou, na entrevista à Gaúcha.

Já para o SBT, Milena disse que o marido foi mantido imobilizado mesmo após morrer. “Apesar da idade, [ele] era um gurizão, e aconteceu toda essa fatalidade.”

Como foi
Freitas teria discutido com a caixa do estabelecimento e foi conduzido pelo segurança da loja até o estacionamento, no andar inferior. Um cliente, temporário militar policial, acompanhou o deslocamento, que acabou no espancamento de Freitas. O segurança e o PM temporário foram presos, suspeitos de homicídio doloso.

Durante o percurso, acompanhado por uma funcionária do Carrefour, Freitas teria desferido um soco contra o PM, segundo afirmou a trabalhadora, em depoimento à polícia. “A partir disso começou o tumulto, e os dois agrediram ele na tentativa de contê-lo. Eles (o PM e a segurança) chegaram a subir em cima do corpo dele, colocaram perna no pescoço ou no tórax”, disse o delegado plantonista Leandro Bodoia. A cena vem sendo comparada nas redes sociais ao que aconteceu com George Floyd, que morreu sufocado por policiais nos Estados Unidos .

Vídeos que mostram o espancamento e a tentativa de socorristas de salvarem o homem circulam nas redes sociais desde a noite de ontem. As imagens mostram Freitas recebendo de um dos homens vários socos na região do rosto, enquanto o outro tenta segurá-lo. Uma mulher que estava usando proteção facial é vista perto deles, assistindo às agressões. Funcionários do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou a se deslocar até o local, fez massagem cardíaca, mas ele acabou não resistindo.

Freitas era participante de uma torcida organizada de futebol em Porto Alegre, do clube São José, e foi homenageado com postagens com mensagens como “vidas negras importam” e a convocação de um protesto: “Amanhã estaremos no Carrefour Passo D’areia o dia todo, não vai ficar assim, queremos justiça, fizeram covardia com 1 irmão, agora segurem o Bonde Da ZONA NORTE! ”

Prisão dos agressores
Em nota, uma Brigada Militar informou que prendeu os agressores, inclusive o PM temporário, e que a conduta dele será investigada. Disse ainda que o policial não estava em serviço no momento das agressões.

“Cabe destacar ainda que o PM temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de condicionados penais e de prédios públicos “, diz o comunicado.

“A Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo, intoleráveis ​​e incompatíveis com a doutrina , missão e valores que a Instituição prática e exige de seus profissionais em tempo integral “, conclui a nota.

Carrefour rompe contrato com empresa de segurança
Após o caso vir à tona, o Carrefour decidiu romper o contrato com a empresa de segurança e fechar a loja. Em nota, o mercado afirmou que “adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os senão neste ato criminoso”.

“O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário”, disse a empresa em nota. O Carrefour, ainda em nota, disse “lamentar profundamente o caso” e afirmou que iniciou uma “rigorosa apuração interna”.

“Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanhando os desdobramentos do caso, permitindo todo suporte para as autoridades locais.”

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Fonte: UOL
Créditos: UOL