Pesquisas eleitorais e suas mensagens
Por Murillo de Aragão
A divulgação simultânea, neste quarta-feira, de duas pesquisas eleitorais – Ibope e Datafolha – sobre a campanha presidencial trouxe várias mensagens importantes.
A primeira delas é a de que Marina assumiu a condição de favorita. Sem estrutura e sem tempo de televisão, conseguiu manter-se em situação de empate técnico com Dilma no primeiro turno.
Não se deve falar mais do efeito impulsionador da tragédia com Eduardo Campos. Neste momento, Marina está em posição de forte competitividade por conta de seu desempenho pessoal.
Não é pouco já que a campanha na televisão está em curso e favorece amplamente à Dilma e Aécio. Sem tempo relevante de televisão, Marina se mantém viável por conta do desejo de mudança presente na intenção de votos de muitos.
A segunda mensagem é que Marina mantém o seu favoritismo no segundo turno apesar do encurtamento de intenções de voto em relação à Dilma. Marina oscilou positivamente 1 ponto na margem de erro.
A terceira mensagem é que Dilma prossegue sendo muito viável como candidata. A onda em torno de Marina pode ter nublado tal situação. Mas as pesquisas são claras acerca da resiliência de Dilma como candidata.
Portanto, Dilma deve comemorar. O Ibope trouxe boas notícias para a presidente. Dilma continua liderando numericamente em primeiro turno (embora considerando a margem de erro de 2%, haja um empate técnico com Marina). Caiu seu índice de rejeição (de 36% para 31%) e a avaliação do governo apresentou leve melhora. Caiu, ainda, a diferença de Marina sobre Dilma em um eventual segundo turno (de 9 para 7 pontos).
Pelo seu lado, Marina ainda preserva vantagens importantes. Além de seu índice de rejeição ser de apenas 12% (contra 31% da presidente), do 1º para o 2º turno Dilma fica estável (tem 37% no 1º turno e aparece com 39% no 2º turno). Já Marina, cresceu 13 pontos (33% para 46%), percentual muito próximo ao que Aécio tem no 1º turno. Ou seja, a maioria dos eleitores do PSDB tende a ser de Marina no 2º turno.
A terceira mensagem é que Aécio Neves está praticamente descartado como competidor para o segundo turno. Depende de algum fato extraordinário para voltar à competição. Torce, por exemplo, que as delações de Paulo Roberto Costa tenham o condão de atingir à campanha eleitoral de forma muito significativa.
A quarta mensagem é a de que o favoritismo de Marina não deve ser considerado definitivo. Dilma demonstra resistência e atravessou uma série de más notícias econômicas mantendo um desempenho relevante. Mesmo com o fraco desempenho dos candidatos do PT no Rio e em São Paulo, Dilma consegue se sustentar.
Porém, até agora, as vantagens comparativas de Dilma – tempo de televisão e coalizões estaduais – ainda não se fizeram presentes para criar uma liderança folgada. O tempo passa e parece que a propaganda eleitoral terá pouco efeito para uma nova mudança radical.
Por fim, destaco, novamente, que Marina prossegue tendo uma índice de rejeição muito baixo. O que é, sem dúvida, um trunfo para um candidato que opera em elevado índice de competitividade. A volatilidade das pesquisas nas últimas semanas indica que o jogo está em aberto apesar da condição de favorita de Marina.
Murillo de Aragão é cientista político