247 – O segundo turno começou antes da hora, em pleno primeiro turno. Isso acontece porque o PSB, com a ex-ministra Marina Silva como candidata, não conseguiu se impor como a ‘terceira via’ imaginada pelo ex-governador Eduardo Campos. Como se vê pelo programa de governo apresentado pelos socialistas, a ser executado, em caso de vitória, por Marina, as diferenças com o ideário do PSDB são mínimas. A ponto de o candidato tucano Aécio Neves ter reclamado de Marina que fizesse ao menos uma referência aos parágrafos copiados da plataforma dos social-democratas.
– Ela poderia ao menos ter atribuído a autoria ao ex-presidente Fernando Henrique, ironizou Aécio.
O ex-presidente Lula, como registra a colunista Tereza Cruvinel em seu blog associado ao 247, notou que “este será o segundo turno mais longo da história”. Exatamente porque não há uma terceira via, mas apenas duas: a do PT e a do anti-PT, agora melhor encarnado por Marina do que por Aécio. Acompanhe a reflexão da jornalista:
Tudo mudou, nada mudou
Marina destronou Aécio mas os polos em confronto são os mesmos
Pronto. Duas pesquisas mostraram que Marina Silva parou de crescer mas consolidou-se como adversária da presidente Dilma para o segundo turno. Identificada a barreira de votos sólidos de Dilma e do PT – 74% de seus 35% de votos não admitem mudar de candidato – está claro que o furacão Marina arrasou o quarteirão eleitoral tucano, tomando-lhe boa parte do eleitorado. Segundo o Datafolha, 70% de seus 34% de eleitores também declaram-se decididos a votar nela. No frigir dos ovos, Marina não quebrou a polarização PT-PSDB, como desejava Eduardo Campos. Ela apenas substituiu o tucano na velha e conhecida polarização entre dois Brasis: os mais pobres, menos escolarizados e despossuídos que desejam a continuidade do projeto representado pelo PT, contra os mais escolarizados, remunerados e influentes das altas classes médias e segmentos da elite propriamente dita, empenhados, mais do que em outras eleições, em tirar o PT do governo central.