Polêmicas

Justiça deve definir posição do PSC na disputa

A expectativa nos meios políticos gira em torno de uma definição, pela Justiça Eleitoral, da verdadeira posição do Partido Social Cristão (PSC) no páreo à sucessão em João Pessoa. O PSC, teoricamente, figura em duas coligações na disputa majoritária, o que, legalmente, não é permitido. O médico Ítalo Kumamoto faz campanha como vice do senador tucano Cícero Lucena, mas a direção regional, presidida pelo ex-senador Marcondes Gadelha, garante que o PSC faz parte do arco de alianças de apoio ao candidato do Partido dos Trabalhadores, Luciano Cartaxo, mesmo sem integrar a chapa majoritária, uma vez que o vice homologado é o jornalista Nonato Bandeira, do PPS, ex-secretário de Comunicação do governo Ricardo Coutinho, que desistiu do projeto de concorrer à prefeitura.

O problema se arrasta desde as convenções realizadas para homologação de decisões. O PSC convive com duas atas que são questionadas reciprocamente. Uma formaliza a participação de Kumamoto como vice do postulante tucano, outra propõe o apoio ao candidato petista Luciano Cartaxo. Gadelha assegura que tem respaldo da direção nacional para segurar a composição com o PT. Ítalo diz que a direção municipal referendou seu nome na vice de Lucena. Em meio ao fogo cruzado, Marcondes anunciou a destituição da executiva municipal que indicou Kumamoto e designou nova comissão provisória. O desfecho terá que vir de um pronunciamento da Justiça Eleitoral.

Articuladores da campanha de Cícero Lucena têm interesse numa conclusão rápida do ‘imbroglio’, a fim de que o senador-candidato disponha do tempo da legenda no Guia Eleitoral envolvendo a propaganda no rádio e na televisão. Por outro lado, o impasse tem prejudicado uma estruturação melhor da campanha de Cícero e a situação dos candidatos lançados pelo PSC a vagas na câmara municipal de João Pessoa. Além de participar de eventos de mobilização do senador, Kumamoto tem subsidiado a sua campanha com análises sobre a política da Saúde pública na capital, apontando deficiências, com base em estatísticas oficiais, e indicando alternativas que possam ser encampadas pelo candidato do PSDB à sucessão de Luciano Agra.

Marcondes Gadelha sente-se desafiado na sua autoridade e alega, inclusive, que no plano nacional o Partido Social Cristão integra a base de sustentação do governo da presidente Dilma Rousseff, estando, naturalmente, alinhado com o Partido dos Trabalhadores. Para o ex-senador, a composição com o PSDB seria uma incoerência na atual conjuntura política nacional, passível de contestação com o aval da cúpula maior. Kumamoto ignora as ponderações do dirigente estadual, a quem já chamou de “arbitrário” por supostamente ter tentado impor normas, ao invés de acatar o debate democrático. Ítalo chegou a afirmar que Marcondes infringiu a sua trajetória política, recordando o período em que o ex-parlamentar, como membro do grupo autêntico do MDB, desafiou o regime militar, denunciando as violações ocorridas no período de radicalização da ditadura. “A atitude antidemocrática assumida hoje por Marcondes discrepa, inteiramente, dos princípios que ele defendia na praça pública, na fase de resistência ao regime dos generais”, proclamou Kumamoto.

Originalmente, o cardiologista tentou se viabilizar como candidato próprio do PSC a prefeito de João Pessoa. Marcondes afirma que deu todo apoio a essa pretensão, mas ressalta que, na seqüência, com a realização de pesquisas de consumo interno, a direção chegou à conclusão de que Ítalo não avançava substancialmente nas intenções de voto do eleitorado, o que comprometia as chances do conjunto dos candidatos do Partido Social Cristão. O pomo da discórdia surgiu quando Ítalo concordou em desistir da candidatura a prefeito, cerrando fileiras junto a um segmento que se manifestou favorável à coligação com o senador tucano. O confronto foi agravado pela posição de Marcondes em propor, dada a desistência de Ítalo, que a agremiação fechasse com o PT. Tanto Cícero Lucena como Luciano Cartaxo colocam-se no papel de observadores dos acontecimentos, respeitando a autonomia do PSC para oficializar sua posição no pleito. Só que ambos, de certa forma, pressionam por urgência, a pretexto de que a campanha está nas ruas e que o eleitor está confuso diante da briga que se trava nos bastidores.

Do Blog com Lenílson Guedes