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Juiz denuncia esquema de "aluguel" de crianças para pedir esmolas em João Pessoa

Juiz denuncia esquema de "aluguel" de crianças para pedir esmolas em João Pessoa

João Pessoa - Crianças estão sendo exploradas por adultos que as utilizam para pedir esmolas nas ruas de João Pessoa, conforme denunciou o juiz da Vara da Infância e Juventude da capital paraibana, Adhailton Lacet.

Em entrevista concedida nesta terça-feira (20/05) ao programa Arapuan Verdade, o magistrado revelou a existência de casos em que menores de idade são “alugados” pelos próprios pais para sensibilizar a população e obter doações, que depois seriam trocadas por drogas.

“Tem casos em que os pais alugam as crianças. Houve um caso em João Pessoa que, em um grande supermercado, as crianças eram alugadas por R$ 50 para as pessoas pedirem esmola. Coloca no braço o bebê para sensibilizar os clientes e pedir lata de leite, fralda e esses produtos, depois, são vendidos ou trocados por drogas”, afirmou o juiz.

Lacet contou que tomou conhecimento do caso ao ser abordado por um homem em um supermercado.

“Eu fui sensibilizado em uma fila de supermercado, sem tomar conhecimento dessa questão do aluguel de crianças, por um senhor com uma criança, que pediu para eu comprar um pacote de fralda. Paguei, inclui na minha feira e a moça disse: ‘doutor, ele vai ali para o estacionamento e vai trocar por drogas’. E foi a primeira vez que eu tomei conhecimento disso e pedi que nossa equipe começasse a investigar”, relatou.

Operação e acolhimento das crianças

A denúncia levou à realização de uma operação conjunta entre agentes da Infância e Juventude e o Conselho Tutelar, que montaram campana no local e conseguiram identificar os envolvidos. Segundo o juiz, duas ou três crianças foram acolhidas após a ação, e os responsáveis estão sendo identificados.

O magistrado reforça que, ao presenciar situações semelhantes, a população deve acionar imediatamente o Conselho Tutelar.

“Ligar para quem está na ponta, que é o Conselho Tutelar porque, normalmente, é o órgão que pode fazer o acolhimento, é a ‘porta de entrada’ para as instituições de acolhimento. A polícia, se tiver ali o flagrante, evidentemente que vai preso o pai ou o adulto que estiver explorando, mas a polícia tem que entregar a criança para o Conselho Tutelar para que o Conselho leve para a instituição de acolhimento e a Justiça da Infância e Juventude vai cuidar do destino dessa criança”, explicou Lacet.