HORA DE COBRAR DE DILMA: Na proporção do merecimento e no tamanho das necessidades da Paraíba

O governador Ricardo Coutinho deve fazer ainda esta semana uma pausa nos banquetes comemorativos da vitória (já teria promovido quatro ou cinco) e viajar a Brasília para se encontrar com a Presidente Dilma. Quero acreditar que já tenha agendado audiência no Palácio do Planalto, não apenas para o tradicional beija-mão ou troca de cumprimentos pelo desempenho de ambos nas urnas de 2014. Espero que o encontro já tenha sido marcado e o governante paraibano vá decidido a apresentar a fatura (no bom sentido) do apoio dado no segundo turno à candidata petista.

dilma e ricardo

Hora de chegar junto e cobrar – RUBENS NÓBREGA – (Do Jornal da Paraíba) O governador Ricardo Coutinho deve fazer ainda esta semana uma pausa nos banquetes comemorativos da vitória (já teria promovido quatro ou cinco) e viajar a Brasília para se encontrar com a Presidente Dilma. Quero acreditar que já tenha agendado audiência no Palácio do Planalto, não apenas para o tradicional beija-mão ou troca de cumprimentos pelo desempenho de ambos nas urnas de 2014. Espero que o encontro já tenha sido marcado e o governante paraibano vá decidido a apresentar a fatura (no bom sentido) do apoio dado no segundo turno à candidata petista.

Que o homem não se acanhe. Nem vai se acanhar, que ele não é disso. Mas, só para lembrar, tirando a importantíssima transposição das águas do São Francisco (embora compartilhada com todo o Nordeste Setentrional), em matéria de grandes obras federais direcionadas para o nosso Estado a mais recente (BR 230) é coisa dos Anos Agripino. Está na hora, portanto, de cobrar o fim do nosso jejum nesse particular. Cobrar do Governo Federal, na grande, como já vêm fazendo outros governadores nordestinos. Cobrar na proporção do merecimento e no tamanho das necessidades de uma Paraíba que até hoje não juntou força política suficiente para reivindicar e conseguir investimentos efetivamente estruturantes, assemelhados àqueles com que foram contemplados nossos vizinhos.
Depois das compreensíveis comemorações com aliados e correligionários, o governador precisa, portanto, levar à Presidência da República uma pauta de parcerias relevantes entre o Estado e a União. Ele pode pedir, por exemplo, a construção de um porto de águas profundas, quem sabe com um estaleiro agregado, um ramal da Transnordestina com trilhos rasgando o solo paraibano do extremo oeste ao litoral, a duplicação da BR 230 de Campina Grande a Cajazeiras, um metrô para João Pessoa, um monotrilho para Campina Grande, uma montadora de veículos automotores e até mesmo uma refinaria de petróleo.

 

Cid já esteve lá

Refinaria sim, por que não? Ou será que um equipamento desse porte só cabe por enquanto no Ceará? Pergunto pelo seguinte: quem esteve cuidando de assunto dessa magnitude com a Presidente foi o governador Cid Gomes, daquele Estado. Conversou ontem com a Presidente reeleita. Ele não perdeu tempo. Praticamente amanheceu nessa terça no gabinete de Dona Dilma, levando junto o sucessor, Camilo Santana (PT). Mostraram serviço no primeiro e no segundo turno. O Ceará, depois da Bahia, deu a mais expressiva vitória a Dilma entre todos os estados nordestinos.


Primeiro pedido

Segundo peguei no Jornal do Brasil, governador e governador eleito do Ceará conversaram com a Presidente sobre grandes projetos de infraestrutura em andamento naquele estado, a exemplo do Eixão das Águas e ampliação do metrô de Fortaleza. Coube a Camilo Santana apresentar as demandas para os próximos anos e o primeiro pedido foi a implantação de uma refinaria da Petrobras. “Já está tudo pronto, o governador Cid preparou todas as questões burocráticas exigidas para a implantação da refinaria e queremos que ela seja iniciada o mais rápido possível. Já temos uma siderúrgica e a refinaria seria fundamental para o futuro do estado do Ceará”, disse o eleito.
Diferencial de RC

Apesar do banho de votos que deram no Ceará, Cid Gomes e Camilo Santana não têm o diferencial de prestígio que Ricardo Coutinho pode ter adquirido na sua relação com a Presidente Dilma. Refiro-me ao fato de ele ter apoiado a reeleição presidencial na fase final da disputa, mesmo sendo de um partido – o PSB – que virou oposição depois de quase 12 anos de participação no governo petista. Um partido com identidade de esquerda bem próxima do PT, é verdade, mas que mesmo assim lançou candidatura própria à Presidência e ainda ficou com Aécio Neves (PSDB) no segundo turno. Sempre será possível dizer que o governante paraibano não tinha opção porque aqui o seu adversário era o tucano Cássio Cunha Lima, vice-presidente nacional do PSDB e, portanto, correligionário de primeira e amigo pessoal do presidenciável mineiro. Sendo assim, Ricardo Coutinho poderia ter ficado neutro? Poderia, mas seria uma atitude pouco inteligente desprezar aliança com uma recandidatura ao Planalto praticamente imbatível na Paraíba, como, de resto, em todo o Nordeste. Ainda que circunstancial e forçada pela falta de alternativa, a troca de apoio deu vantagem, ponto e muitos votos aos dois. E dessa condição especial o governador deve se valer, “antes que um aventureiro lance mão”.
Outro legado de Popó

Mais do que exemplos como atleta, desportista ou dirigente de entidades esportivas, Potengi Lucena deixa também aos os seus contemporâneos uma referência de integridade pessoal, competência profissional e probidade nos cargos públicos que ocupou, nos mandatos populares que exerceu. A própria Justiça apurou e atestou tal condição, mesmo cometendo contra ele, por oito longos e sofridos anos, a mais tremenda das injustiças que foi acolher acusação não provada. Apesar disso e de toda a mágoa e revolta interior que possa ter purgado por todo aquele tempo, somente alguém com firmeza de caráter e consciência limpa é capaz de suportar desventuras as mais descabidas e inconcebíveis como aquela. O estoicismo de Popó na travessia da tormenta que tentou abatê-lo é, portanto, exclusividade de quem tem a certeza de guiar todos os seus atos pela honestidade, de ancorar todos os gestos na seriedade e de manter postura e compostura nos limites da mais absoluta dignidade.