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Homem que perdeu a visão em protesto na Esplanada pede justiça

O colírio que Clementino usa para aliviar a dor foi dado pelo médico que o operou, no Hospital de Base. A família ainda se preocupa em como custear o tratamento, pois a violência sofrida por ele foi responsável por diminuir sua renda familiar.

A manifestação do dia 24 de maio, que terminou em quebra-quebra na Esplanada dos Ministérios, mudou a vida de Clementino Nascimento Neto, 35 anos. O ex-pedreiro perdeu a visão do olho esquerdo, o emprego e o entusiasmo. Clementino foi um dos 45 feridos durante o confronto atendidos na rede pública de saúde do Distrito Federal.

Naquele dia, Clementino saiu de Goianésia, a menos de 300km de distância de Brasília, onde vive com a mulher e os dois filhos, para viajar cinco horas de ônibus, junto com os colegas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O grupo foi para a Esplanada dos Ministérios protestar contra as reformas da Previdência, Trabalhista e contra o presidente Michel Temer (PMDB/SP).

Ao ser atingido por uma bala de borracha, Clementino foi atendido de imediato por Daniel Sabino, médico da rede pública de saúde do DF, que também participava do protesto. O especialista encaminhou o homem para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e, em seguida, ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF).

Eu vi o policial mirando a arma em mim e a bala vindo em minha direção”Clementino Nascimento
Nascido no Maranhão, Clementino morou no Distrito Federal por cinco anos. Ele define a ação da polícia no dia do protesto como “agressiva e desnecessária”. “Eu estava ali sendo mais uma voz. Estava gritando e lutando pelo que eu acredito. Não provoquei ninguém”, garantiu.

Hoje, a munição que o cegou fica guardada dentro do guarda-roupa. “Quero meus direitos, já que não posso ter a visão de volta”, desabafa.

Consequências

Clementino trabalhava como pedreiro. Desde que perdeu a visão do olho esquerdo, está desempregado. Segundo ele, ninguém mais quer empregá-lo. “Ainda não me acostumei a enxergar somente com um olho. Não consigo dirigir e mal saio de casa, pois não posso ter contato com poeira e sujeira”, disse.

O colírio que Clementino usa para aliviar a dor foi dado pelo médico que o operou, no Hospital de Base. A família ainda se preocupa em como custear o tratamento, pois a violência sofrida por ele foi responsável por diminuir sua renda familiar.

Fonte: Metrópoles