
Quem já cultivou um hibisco no jardim sabe que ele é generoso quando está feliz: flores grandes, vibrantes, que se destacam de longe. Mas o que poucos percebem é que esse espetáculo tem um segredo nos bastidores — e ele começa no solo. Quando o hibisco entra em fase de pré-floração, o tipo de adubo ideal muda, e seguir com o mesmo de sempre pode atrasar ou até impedir a floração.
Adubação do hibisco: o ponto de virada antes das flores
Para entender por que o adubo precisa mudar, é preciso observar a fisiologia da planta. O hibisco passa por fases: crescimento vegetativo (mais folhas e ramos), pré-floração (formação de botões) e floração plena. A maioria das pessoas aduba sem considerar essa transição, mantendo fórmulas ricas em nitrogênio — ótimas para folhas, mas péssimas para flores.
Durante o crescimento, nitrogênio é o protagonista
Nos primeiros meses ou quando está se recuperando de poda, o hibisco se beneficia de fertilizantes com maior concentração de nitrogênio (N). Esse nutriente estimula o crescimento das partes verdes, ajuda a planta a desenvolver estrutura e amplia a fotossíntese. Fórmulas como NPK 10-10-10 ou 20-10-10 são comuns nessa fase.
No pré-floração, fósforo e potássio ganham destaque
É aqui que a chave vira. Quando o hibisco começa a formar botões, ele demanda mais fósforo (P) e potássio (K) para sustentar o processo de floração. O fósforo é essencial para o desenvolvimento das flores e raízes fortes, enquanto o potássio ajuda na resistência da planta, no controle hídrico e na duração da floração.
O ideal nesse estágio é usar fórmulas como NPK 4-14-8 ou 10-20-15, dependendo da condição da planta e do solo. Esse tipo de adubo prepara o hibisco para um florescimento mais intenso, colorido e duradouro.
Como saber o momento certo de mudar o adubo?
Observe a planta com atenção. Quando os brotos param de ser exclusivamente foliares e passam a apresentar forma de botão — muitas vezes, ainda pequenos e fechados — é hora de fazer a transição. Se possível, suspenda o adubo anterior por alguns dias e inicie a nova adubação de forma gradual, uma vez por semana, diluída na água da rega.
O erro comum: exagerar no nitrogênio até o fim
É muito comum ver hibiscos com folhas exuberantes, mas sem nenhuma flor. Em 80% dos casos, o motivo é excesso de nitrogênio prolongado. A planta se sente confortável demais e concentra energia no crescimento vegetativo, deixando a floração em segundo plano. Esse erro é frequente em vasos, onde o acúmulo de nutrientes é mais evidente.
Alternativas orgânicas eficazes para estimular flores
Se você prefere não usar fertilizantes químicos, é totalmente possível conduzir o hibisco com adubação orgânica — desde que os compostos certos sejam usados na hora certa.
Farinha de osso e torta de mamona
Uma dupla conhecida de jardineiros experientes, esses dois adubos fornecem fósforo e nutrientes importantes para a floração. A farinha de osso deve ser bem incorporada ao substrato antes da fase de botões, enquanto a torta de mamona pode ser usada com moderação para fortalecer a estrutura da planta.
Casca de banana e borra de café
Embora pareçam soluções caseiras simples, a casca de banana fornece potássio e a borra de café tem fósforo e magnésio. Juntas, formam um adubo líquido natural eficiente: basta ferver as cascas com um pouco de borra, coar, esperar esfriar e regar a base da planta.
Chá de cinzas e fósforo natural
As cinzas de madeira, quando usadas com parcimônia, liberam potássio, cálcio e micronutrientes. Misture uma colher de cinza peneirada em 1 litro de água e regue a planta no início da fase de botões. É uma alternativa sustentável e segura quando feita com madeiras não tratadas.
Como manter o hibisco florindo mais vezes no ano
O hibisco responde bem à alternância correta de adubos e à poda estratégica. Podar os galhos após a primeira floração estimula a planta a se preparar para uma nova rodada de botões. Manter o solo bem drenado, regar com regularidade (sem encharcar) e garantir exposição solar direta por pelo menos 6 horas diárias também são pontos-chave.
Outro cuidado importante é evitar mudanças bruscas de local, especialmente se a planta estiver prestes a florescer. O hibisco é sensível e pode abortar botões se for submetido a estresse térmico ou luminoso.
Vale a pena adubar o hibisco o ano todo?
Sim, mas com pausas. A cada dois meses, é indicado dar um descanso de adubação por uma ou duas semanas, especialmente se a planta estiver em vaso. Esse intervalo ajuda a evitar o acúmulo de sais no solo e permite que a planta reequilibre suas reservas naturais.
A adubação deve sempre acompanhar o ciclo da planta. Ao perceber o fim da floração, pode-se retornar a um adubo mais equilibrado, como o NPK 10-10-10, para fortalecer a estrutura e preparar a próxima fase.