João Pessoa e Paraíba - Picos de viroses vêm e vão todos os anos. De repente, todo mundo do trabalho está adoece ao mesmo tempo e você se vê fungando mais uma vez. Mas o vilão dessa história cíclica não é só o vírus. Para a médica infectologista Dra. Júlia Chaves o motivo é claro: a baixa adesão à vacinação.
Na Paraíba, os números ainda estão muito abaixo da meta de 90% de cobertura vacinal estabelecida pelo Ministério da Saúde. Até o momento, apenas 35,69% das crianças e 37,92% dos idosos foram vacinados, segundo a Secretaria da Saúde.
É nesse cenário que a Prefeitura de João Pessoa prorrogou até 31 de julho a campanha de vacinação contra a influenza que começou em março. O foco é na ampliação da cobertura entre os grupos prioritários.
Atualmente, não é um único vírus que preocupa, mas vários circulando ao mesmo tempo. Rinovírus, Covid-19, Influenza A e B estão entre os principais, mas o destaque tem sido o aumento dos casos de Influenza A, responsável pela maior parte das viroses e internações registradas nas últimas semanas.
Por que é importante se vacinar todo ano?
Convencer a população a se vacinar uma vez por ano ainda é um desafio. A visão de que a gripe é uma doença leve leva muitos a negligenciar a prevenção. A doença é comum, sim — mas está longe de ser inofensiva.
“Falam que é só uma ‘gripezinha‘, mas esquecem que os vírus têm mutações. Todo ano tem uma cepa diferente, por isso a vacina é atualizada: para tentar diminuir a cepa que circula no momento. Então a vacina que você tomou há dois, três anos atrás para a gripe não é a mesma desse ano”, explica a infectologista.
A imunização continua sendo a forma mais eficaz de evitar casos graves e hospitalizações. Na Paraíba, mais de 1.800 internações já foram registradas até a primeira semana de junho.
“Eu comparo a pessoa vacinada àquela que estudou antes da prova. Ela pode até pegar gripe, mas vai responder melhor. O corpo já tem memória imunológica. A pessoa não vacinada pode ter quadros mais graves”, diz a médica.
Medidas além da vacina: ética respiratória
Além da vacinação, outras medidas simples continuam sendo fundamentais para evitar a propagação dos vírus respiratórios. Práticas como manter os ambientes ventilados, higienizar as mãos, usar máscara e evitar aglomerações durante surtos ajudam a reduzir a transmissão.
A infectologista também defende o que chama de ética respiratória: pequenos hábitos, como tossir cobrindo o rosto e não compartilhar objetos pessoais, fazem diferença — especialmente em ambientes com crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.