Greve se trata é na justiça - Nilvan Ferreira

Decepção. Esse é o sentimento estabelecido no seio dos servidores públicos da Paraíba, desde a instalação do “novo” governo. Explico pra você, caro leitor, entender melhor o que quero expressar.

Oriundo dos movimentos sociais reivindicatórios, moldado na luta de diversas categorias e forjado nos principais embates vivenciados pelos sindicatos, é no mínimo assombroso o comportamento do governador Ricardo Coutinho, no trato das questões que envolvem os movimentos grevistas, nos primeiros meses de sua gestão.

Ricardo, antes sindicalista e hoje governador, muda radicalmente o conceito entre governo e movimentos sociais. Ele, hoje comandando o governo, evita o dialogo com as mais diversas categorias do funcionalismo público, rechaça qualquer tipo de atendimento às reivindicações em busca de melhores salários e condições de trabalho, esquece o seu passado, deixa pra trás as promessas de campanha e, literalmente, implanta um grotesco processo de “judicialização” das greves.

O governo não dialoga, não negocia, ameaça quem faz greve, pede na justiça a ilegalidade dos movimentos por melhores salários e ainda por cima promete punição para os que participaram das atividades reivindicatórias, organizadas pelos mais diversos sindicatos no nosso estado.

Ricardo substitui o diálogo pelas sentenças judiciais e, praticamente, desmoraliza os movimentos sociais na Paraíba. Se a situação continua de forma tão agressiva, as entidades terminarão por abandonar o mecanismo da greve, tolerado até agora por todos os governadores que já passaram pela história recente do nosso estado, salvo alguns atropelos de menor gravidade, praticados por alguém aqui e acolá.

No atual governo, tudo é tratado na justiça, na marra, à base do trator. Falta diálogo, espírito democrático e aglutinador.