Rubens Nóbrega
Matéria publicada ontem neste Jornal chama a atenção para o fato de que uma doença ainda não diagnosticada, com elevada taxa de letalidade, estaria ameaçando dizimar o rebanho bovino no Cariri Paraibano.
Segundo revela o jornalista João Paulo Medeiros, que assina a matéria do JP, nos últimos dez dias pelo menos 23 reses “morreram com sintomas parecidos e mais de 30 estão apresentando complicações semelhantes”.
As baixas concentrar-se-iam, por enquanto, no município de Boa Vista, onde apenas na tarde da última quinta-feira foram encontrados 13 animais mortos em uma única propriedade, mortes atribuídas a uma bactéria não identificada.
“Inicialmente, os criadores pensaram que o gado havia morrido após a ingestão de palma com cochonilha do carmin, mas a hipótese é descartada, conforme o veterinário da Emater, Iácome Jácome”, informa João Paulo.
O mesmo profissional indica que “pelas características, o cenário é mais parecido com uma infecção bacteriana”, acrescentando que a Defesa Agropecuária estaria se deslocando até Boa Vista na manhã de ontem para investigar a mortandade.
O texto publicado pelo JP no Caderno de Cidades sobre esse assunto, que recebeu o título ‘23 animais morrem no Cariri Paraibano’, encerra lembrando que Boa Vista se destaca na região por seu rebanho bovino e produção de leite.
O que pode ser
Não sou, evidentemente, um experto no assunto, mesmo sendo filho do Professor Vicente Nóbrega, especialista em Ensino Agrícola, e tendo vivido numa cidade (Bananeiras) que o estimado Professor Oswaldo Trigueiro chamaria freyreanamente de rurbana.
Mas desconfio que problemas como esse no Cariri tenham tudo a ver com a lastimável precarização e despriorização a que o atual governo submeteu a Defesa Agropecuária Estadual, fazendo com que o setor amargue, inclusive, ineficiências, insuficiências e carências no combate à febre aftosa.
São fatos facilmente verificáveis, no Cariri ou em qualquer outra micro-região do Estado. Digo isso respaldado pela opinião qualificada de alguém de comprovada e respeitada experiência no ramo, a exemplo do Professor Antônio Carlos Ferreira de Melo, que coordenou proficiente e proativamente o Pronaf da Paraíba no Cássio I ou II.
Antônio Carlos está muito preocupado com o que está vendo na Paraíba, atualmente e desde janeiro de 2011. Por essa e outras, ele entregou ano passado um cargo estadual de proa nessa área, depois de constatar que em matéria de defesa agropecuária a atual gestão é muita conversa e pouca ação.
Fala quem entende
Esta semana, três dias antes da notícia das perdas no gado caririzeiro, o Professor Antônio Carlos enviou-me mensagem na qual reafirma seus temores quanto à sanidade futura do nosso rebanho, principalmente depois de saber do desempenho sofrível do Estado na vacinação contra aftosa. Acompanhem o que diz o técnico.
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Prezado Rubens Nóbrega, a Defesa Agropecuária de nosso Estado continua patinando. Veja que em 2011 foram realizadas duas campanhas de vacinação dos rebanhos, bovino e bubalino, contra a febre aftosa.
Mas o Ministério da Agricultura recomenda que no mínimo 90% do rebanho sejam vacinados e na primeira campanha, realizada em maio de 2011, só atingimos 71% de cobertura vacinal.
Agora, atente para a gravidade do que vou dizer: a segunda etapa, concluída em novembro, não teve até hoje o seu resultado divulgado e o pior, Rubens, não devemos chegar nem perto dos 90% exigidos pelo Governo Federal, segundo me assegura uma fonte à qual dou toda a credibilidade.
Isso acontece, caro colunista, porque a nossa Defesa Agropecuária vem a cada dia se degradando.
Tudo isto causa surpresa, tendo em vista que o governador, ano passado, disse por várias vezes que a Defesa Agropecuária em seu governo tinha dado um salto e crescido muito.
Infelizmente, diante dos resultados apresentados até aqui, corremos o risco de regredir ao status sanitário de ‘Risco Desconhecido’, levando o Estado da Paraíba a ser um dos estados da federação que não atingiu as metas de vacinação de combate à aftosa, o que será uma vergonha nacional.
Sendo assim, meu caro Rubens, acredito que Sua Excelência tem razão quando fala em crescimento. Faltou explicar que esse crescimento da Defesa Agropecuária, sob seu governo, foi para baixo, feito rabo de cavalo.
Nova definição de RC
Segundo o amigo Gosto Ruim, “Ricardo não é o anti-Cristo, é o anti-Cássio”. E arremata: “Pode reparar, Rubens, tudo o que Cássio fez de bom, no governo dele, Ricardo está destruindo”.