'personagem'

ESTUPROS EM SÉRIE: Assessor de vereador dizia que precisava de escritório onde abusava das vítimas para levar 'namoradinhas'

Dez estupros teriam ocorrido no escritório do vereador Chico Filho, no bairro Gruta de Lourdes, parte alta da cidade.

O vereador Chico Filho (PP), de Maceió, afirma que seu ex-assessor, Benício Lima, 46, acusado de ter cometido uma série de estupros na capital de Alagoas, “inventou um personagem” ao cometer os crimes. Dizendo ter ficado espantado com a situação, o político diz que jamais presenciou atitudes violentas por parte de Lima. O vereador disse ainda que nunca viu seu ex-assessor com uma arma de fogo.

Na última segunda-feira (14), Lima foi preso, apontado como estuprador de crianças, adolescentes e mulheres. Pelo menos dez mulheres afirmaram que ficaram sob a mira de uma arma quando foram abordadas por Lima antes de serem violentadas.

Dez estupros teriam ocorrido no escritório do vereador Chico Filho, no bairro Gruta de Lourdes, parte alta da cidade.

À reportagem, Chico Filho afirmou que apesar de o caso ainda estar em fase de acusação, com a premissa que o suspeito até ser julgado é inocente, ele não poderia tomar outra medida a não ser exonerar o assessor do cargo.

“Os testemunhos são muito fortes e a minha esperança como pai de família é que ele pague pelos erros. Estou há dois dias sem dormir, minha família e eu estamos muito assustados, a base de remédio. Benício era um cara que brincava e nunca foi violento. Nos pegou de surpresa e nunca desconfiei”, disse o vereador.

Apesar de afirmar que Lima agia sozinho, o vereador disse que o vigia do escritório admitiu ter aberto o portão do imóvel por algumas vezes quando o ex-assessor dizia que estava chegando com uma “namoradinha”.

Na terça-feira, o vigia, que não teve o nome divulgado, prestou depoimento à delegada Ana Luiza Nogueira, mas o conteúdo da oitiva não foi divulgado.

Ao UOL, ele afirmou que nunca ouviu gritos de socorro das vítimas, porque, segundo ele, o cômodo onde supostamente ocorreram os estupros é anexo ao imóvel. Ele alegou que para manter a discrição, sempre abriu o portão sem observar quem estava no veículo dirigido pelo acusado. Ele nega que tenha sido omisso ou participado de ato criminoso. A polícia não informou se ele também é investigado.

Ex-assessor tinha acesso a carros e casa de vereador

Chico Filho conta que Lima começou a trabalhar com sua família entre os anos de 2007 e 2009, como assessor do pai dele, Chico Holanda, e que sua confiança era tamanha que ele ficava com o carro e as chaves do escritório, além de ter livre acesso à sua residência.

“Quem passou por um momento desse não dá para comparar, mas somos vítimas pela nossa confiança. Ele dormia com o nosso carro, com o carro da Câmara e o particular. Era uma pessoa que estava com a gente há muito tempo. A família dele trabalha conosco há muitos anos, o sogro dele, o cunhado dele”, destaca o vereador.

Chico Filho relata que durante o período de convivência com Lima ele se mostrava “respeitoso e jamais deixou transparecer algo”. Segundo o vereador, o seu ex-assessor nunca demonstrou atitude violenta.

“Era um funcionário pontual, zelava pelo carro, respeitoso, zelava pelo cargo. É outra personalidade, nunca andou armado, pois não tenho segurança. Ele agora é uma pessoa diferente da pessoa que a gente conhece. As minhas assessoras, mãe, esposa, irmãs, nunca ninguém percebeu nada diferente, nunca houve abordagem diferente”, diz o vereador.

Ao ser perguntado se ele já tinha visto Lima usar arma de fogo, como fora relatado pelas vítimas, Chico Filho disse que a arma nunca vai ser encontrada. “Essa arma não existe, então ela não vai ser encontrada”, afirma. A delegada Ana Luiza Nogueira não atendeu as ligações da reportagem nesta quinta-feira.

Suspeito nega os crimes

Lima é casado, tem dois filhos e cria uma neta de 5 anos. O advogado do suspeito, Arnaldo Bispo, afirmou que seu cliente nega os crimes.

“Vamos esperar que sejam apurados os casos durante a fase de inquérito policial e, após geração de processo, caso isso ocorra, a gente vai se manifestar”, explicou Bispo, citando que, devido a grande quantidade de casos, não teve acesso ainda a todas as denúncias. “Como são processos sigilosos, não tenho ainda acesso a todos os casos. E como a Justiça entrou em recesso [de Páscoa], ficou ainda mais complicado.”

Fonte: UOL
Créditos: UOL