Protesto na UFPB

Estudantes protestam contra aumento no preço do Restaurante Universitário da UFPB

Foto: DCE UFPB.
Foto: DCE UFPB.

João Pessoa - Nesta segunda-feira (18), estudantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) realizaram um protesto no Campus I, em João Pessoa, contra o aumento no preço do Restaurante Universitário (RU), que passou de R$ 15,01 para R$ 17,33.

Com o reajuste, a refeição sem subsídio continua sendo a mais cara entre os restaurantes universitários do país, em contraste com o menor valor, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), que custa apenas R$ 0,80.

O novo valor afeta principalmente estudantes que não são contemplados por nenhum tipo de auxílio. O movimento estudantil classifica o aumento como excludente e incompatível com a realidade socioeconômica da comunidade acadêmica.

Segundo Vinicius Oliveira, coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFPB, o ato teve como objetivo dar visibilidade à situação vivida pelos estudantes:

“R$17,33 é um absurdo, é uma falta de respeito com o estudante que está diariamente produzindo ciência, produzindo conhecimento nesse país e não ter um mínimo de subsistência para poder continuar os seus trabalhos. Isso aí é um descaso com toda a comunidade acadêmica e é por isso que hoje nós decidimos, nos reunimos para que possamos fazer este ato em conjunto e pressionar a reitoria, a rever este contrato com esta atual empresa”, declarou.

Entenda o motivo do reajuste

De acordo com a vice-reitora da UFPB, Mônica Nóbrega, o reajuste foi necessário após a empresa vencedora do último pregão para operar o RU desistir de assumir o contrato.

Para evitar a interrupção no funcionamento do restaurante, a universidade prorrogou por mais quatro meses o contrato com a operadora atual, que, por sua vez, exigiu o aumento no valor da refeição.

Em nota oficial, a universidade defendeu que o reajuste visa garantir a continuidade do serviço e reforçou o compromisso com a permanência estudantil.

Entre as medidas adotadas para minimizar os impactos do aumento, está a chamada de todas as pessoas que aguardavam na lista de espera para o auxílio integral do RU, o que garante gratuidade na alimentação para cerca de 300 estudantes.

Além disso, será lançado um novo edital de auxílio parcial (50% do valor da refeição), com a expectativa de dobrar o número atual de beneficiados, que hoje é de 505 estudantes.

Para os demais públicos, incluindo estudantes não contemplados por auxílios, servidores e visitantes, o valor da refeição será integral: R$ 17,33.

Reação da comunidade acadêmica

A decisão gerou forte repercussão entre os alunos, que reivindicam não apenas o congelamento do valor, mas uma política mais inclusiva de acesso à alimentação.

Em nota de repúdio, o DCE criticou o reajuste por aprofundar desigualdades e dificultar a permanência de estudantes que já enfrentam dificuldades financeiras.

A pró-reitora de Assistência e Promoção ao Estudante (Prape) da UFPB, Geórgia Dantas, reconheceu a legitimidade das reivindicações dos estudantes e reforçou a importância do diálogo:

“Eu penso que a reivindicação dos estudantes é legítima no sentido de que a gente consiga democratizar cada vez mais o acesso ao restaurante. O questionamento dos estudantes é para além do valor da refeição, mas o valor que é pago diretamente pelos estudantes. Essa é a bandeira de luta. Essa é uma prioridade também da gestão. Não tem como você falar em permanência se você não falar em uma necessidade básica, que é a alimentação. A gente está disponível para discutir, para conversar e construir. E construirmos uma solução de forma conjunta”, disse.

Próximos passos

O movimento estudantil pretende manter a mobilização e levar o debate para audiências públicas, buscando um caminho de negociação com a gestão universitária.

Os estudantes cobram mais transparência sobre os contratos com as empresas prestadoras de serviço e exigem que o RU cumpra sua função social de garantir alimentação acessível aos estudantes em situação de vulnerabilidade.

Fotos: Diretório Central dos Estudantes (UFPB).