Esquema de RC vê ministro fora do páreo na PB

Nonato Guedes

Lideranças políticas do esquema do governador Ricardo Coutinho (PSB) já começam a raciocinar com o que consideram não uma hipótese, mas uma certeza: a de que o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP), estará fora do páreo pela sucessão ao Palácio da Redenção em 204. Não é que falte vontade ou disposição do ministro para topar a disputa. Ele, simplesmente, não tem convicção mínima de que possa ganhar a parada. Embora pilotando um ministério estratégico, com orçamento valioso e desfrutando da confiança e prestígio pessoal junto à presidente Dilma Rousseff, o ministro não avançou prognóstico sobre intenção de disputar o governo, e com isto, perdeu espaços para outros postulantes, como o ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital, do PMDB, que percorre cidades do Estado em pré-campanha para o governo.

Teoricamente, a administração da presidente Dilma Rousseff é bem avaliada na Paraíba e o ministro das Cidades é encarado como uma grata surpresa na equipe, pelo alcance dos programas que estão afetos à sua Pasta e que mexem com temas de interesse popular, como a moradia e o saneamento básico. Mas Aguinaldo nunca assumiu posição firme quanto à possibilidade de disputar o governo. Seu projeto passa pela reeleição à Câmara, podendo voltar a ocupar o ministério num eventual segundo mandato de Dilma. Politicamente, ele não se articula com vistas a agregar apoios para disputa majoritária, como a de governador ou senador. Como conseqüência, isto desmobiliza os passos de lideranças políticas que apostariam nele como uma alternativa, longe da polarização PSDB-PMDB que deve continuar pontuando a eleição no próximo ano.

Em conversas que tem mantido com políticos de legendas diferentes, Aguinaldo Ribeiro tem sido enfático ao revelar que sua pretensão está centrada na reeleição para a Câmara, descartando insinuações para concorrer ao governo do Estado. O pragmatismo pode ser decorrência da comprovação de que seu nome não está massificado, no âmbito da Paraíba, para disputar o Palácio da Redenção. No íntimo, ele levaria em conta que o fato de ter sido escolhido ministro da presidente Dilma foi um grande salto na carreira, iniciada com o mandato de deputado estadual. Por outro lado, faria análises internas pouco favoráveis a uma virtual postulação sua, ainda que tendo o apoio da presidente Dilma Rousseff, que larga como favorita para o páreo federal de 2014. Seja como for, a indefinição do ministro no que diz respeito a ambições para a disputa majoritária contribui para que lideranças municipais, que porventura estivessem esperando o desabrochar dessa pretensão, sintam-se liberadas a assumir compromissos com quem é candidato para valer. Na conjuntura em andamento, Ricardo Coutinho assume essa pose, e Veneziano busca ser o contraponto, atraindo forças de oposição no Estado, num arco que envolve o próprio Partido dos Trabalhadores.

Se aceitasse o desafio de concorrer, com o engajamento direto da presidente Dilma, Aguinaldo Ribeiro teria a chance de atrair inevitavelmente o PT paraibano para o seu palanque. Como não avança em relação à hipótese de ser candidato a cargo majoritário, deixa o espaço aberto para a penetração dos que são mais ousados. Este é o caso de Veneziano, que amplia adesões no âmbito do próprio PT a uma virtual candidatura a governador. Pelo menos o deputado Frei Anastácio Ribeiro já demonstrou, de público, o interesse em se atrelar à campanha do ex-prefeito de Campina Grande. Há outros militantes ilustres do PT que pretendem seguir o mesmo caminho, alegando que no plano nacional há uma aliança firmada entre PMDB e PT, com chances de recondução do vice-presidente Michel Temer à chapa encabeçada por Dilma Rousseff. Lideranças outras do PT paraibano chegaram a cogitar a perspectiva de lançamento de candidatura própria ao Palácio da Redenção, mas não evoluíram em relação ao nome que poderia simbolizar essa bandeira. A conjuntura conspirava, então, para que Aguinaldo se firmasse como opção. Mas ele desencorajou até agora todos os movimentos para lançá-lo ao páreo, o que torna difícil sua absorção na hipótese de voltar atrás nesse ponto de vista lá na frente.