violência

ENTRE O MEDO E A CORAGEM: Por que as mulheres não denunciam seus agressores?

Aviso de gatilho: dados desta matéria podem despertar angústia ou ansiedade

Na última semana o vídeo de uma agressão contra mulher em praça pública, na cidade de Esperança – PB, repercutiu na mídia. Além da violência, algo que chamou atenção foi o fato da vítima, gravar um vídeo defendendo o agressor e tomando a culpa para si.

O ciclo de violência doméstica começa com atitudes que configuram baixo risco de morte, como discussões, ciúmes, proibições aparentemente banais, evoluindo para xingamentos, humilhações e atos isolados de agressões físicas.

Mas por que nesta fase, as vítimas dificilmente denunciam ou procuram ajuda? Por uma série de motivos, mas principalmente, porque acreditam que o companheiro pode mudar. Alguns outros motivos que dificultam a denúncia da violência são:

Medo de que ninguém acredite nelas

São crimes de difícil comprovação, que acontecem por sua própria natureza de forma velada, entre quatro paredes e longe do olhar de testemunhas. Por isso a importância deve ser dada à palavra da vítima. Não raramente as declarações da vítima vão ser as únicas provas da violência sexual. Mas a palavra da mulher ainda é vista com desconfiança.

Medo do agressor

Vítimas de violência sexual têm medo de morrer, de serem violentadas mais vezes, de terem seus filhos agredidos. A violência sexual também “mina a autoestima da vítima e a humilha, acabando com sua capacidade de resistência.

Vítimas sentem vergonha

Há mulheres que deixam de denunciar porque têm medo de serem responsáveis “pelo fim da carreira de um sujeito”. “Muitas pensam: ‘O sujeito tem família, carreira, eu vou destruir isso?”.

Vítimas têm medo de reviver experiência

A mulher não quer reviver a violência sexual. E ela é instada a contar sua história por parte das instituições e depois é confrontada e submetida a novas oitivas, isso faz com que a vítima tenha que reviver diversas vezes o caso.

Dados do Estado

Uma investigação aponta que as cidades com maior número de violência contra a mulher na Paraíba são João Pessoa, Campina Grande, Patos, Santa Rita e Sousa. Esses municípios concentram 33,5% dos casos de feminicídio. A investigação, ainda, mostra que dos 176 casos analisados, 44 ocorreram na Zona Rural. Os dados são da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), criada para apurar os casos de feminicídio no estado.

Todas por uma!

Por que outras mulheres falarem ajuda? “Ao perceber que não estão sozinhas e que várias mulheres passaram pela mesma situação, uma mulher dá força para que outra pronuncie a violência que sofreu”, diz a pesquisadora Jackeline Romio, doutora em demografia pela Unicamp e especialista em mortalidade feminina pela violência de gênero.

Para garantir que mais mulheres denunciem casos de assédio e estupro sem que uma primeira tenha que ter muita coragem é preciso que a sociedade crie um ambiente seguro para as mulheres – o que ainda não aconteceu.

Ligue 180

Em caso de violência ligue para 180 e denuncie! O serviço presta uma escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência. Registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgão competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.

 

 

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba