Empresário da comunicação defende varejo como motor do mercado na PB

(Foto: reprodução internet)

Acionista do Grupo São Braz, Eduardo Carlos (foto) dirige há mais de duas décadas as empresas da Rede Paraíba de Comunicação, que abrange o Jornal da Paraíba, as Tvs Cabo Branco e Paraíba (afiliadas da Rede Globo), o portal Paraíba1 e as rádios Cabo Branco FM e Paraíba FM . O empresário paraibano é ainda conhecido por ser membro do Conselho Superior da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e presidente da Asserp (Associação de Emissoras de Radiodifusão da Paraíba). Em entrevista ao Jornal da Paraíba, ele falou sobre os investimentos da Rede em HDTV, resultado da última pesquisa do Ibope, a situação do mercado publicitário local e o processo de licitação do Governo do Estado.

Em 17 de junho, a TV Cabo Branco completou exatos dois anos da assinatura da concessão de transmissão em HDTV. Como o senhor avalia o atual estágio dessa iniciativa?

Faz dois anos que somos a única emissora do Estado a transmitir em HD, oferecendo à Grande João Pessoa imagem e som de primeira qualidade. Investimos mais de 5 milhões de reais para tornar esse projeto possível. Adquirimos equipamentos tecnológicos de ponta, como o transmissor NEC, do Japão; a antena Kathrein, da Alemanha, e o sistema operacional Harris, dos Estados Unidos. Agora, estamos focando nos projetos de interatividade junto à Rede Globo. Há algum tempo fizemos também uma parceria com a Universidade Federal da Paraíba – que é referência nacional no assunto – para a criação de ferramentas exclusivas e nos próximos meses devemos começar a utilizá-las.

Já existe previsão de quando essa tecnologia chegará também a Campina Grande?

Estamos nos programando para que em 2012, ano em que a TV Paraíba completa 25 anos de existência, sejam inauguradas suas transmissões em HDTV. Já estamos no processo de compra e importação dos equipamentos para dar a Campina Grande a sua primeira emissora de TV com sinal digital. Mais uma vez, seremos pioneiros, sem abrir mão do que há de mais avançado tecnologicamente.
Isso significa que já veremos os especiais de Natal da Globo em HD?Melhor ainda. Isso significa que o telespectador de Campina Grande vai poder desfrutar de toda a riqueza de cores e ritmos do Maior São João do Mundo em alta definição. A TV Paraíba Digital será realidade no primeiro semestre de 2012. Nossa equipe já está concentrada para que isso seja realidade.

No começo do mês de junho, foi divulgado o resultado da última pesquisa do Ibope para televisão. Como o senhor analisa os índices da TV Cabo Branco?

Ano após ano, a TV Cabo Branco se confirma como a emissora preferida do telespectador pessoense. Desta vez, ela teve 85% de participação, liderando nas médias dos três turnos: manhã, tarde e noite. Embora já estejamos acostumados com esses números, é realmente uma liderança espetacular. Mais uma vez, o JPB 2ª Edição disparou da concorrência e conquistou o primeiríssimo lugar, com um resultado ainda mais impressionante: é o programa mais visto de toda a programação na Grande João Pessoa, superando atrações nacionais, como as novelas e o Jornal Nacional. Também teve um excelente desempenho o programa Paraíba Comunidade, transmitido nas manhãs de domingo, com 48% de participação. As novelas continuam fazendo um enorme sucesso e novidades da programação se revelam como novos campeões de audiência, a exemplo do programa Bem Estar e da divertidíssima série Tapas & Beijos.

Na programação local, percebemos um crescimento dos programas que exploram a violência, sobretudo no horário do almoço. A TV Cabo Branco avalia a possibilidade de ceder a essa prática?

De maneira alguma. Nosso jornalismo é reconhecido por valores como qualidade, credibilidade e sensatez. Seguimos o padrão Globo e não é nossa intenção explorar a miséria humana. Abordamos a violência como notícia, por ser um dos problemas da sociedade. Mas, isso sempre é feito com muita responsabilidade, respeitando a dor das famílias envolvidas. Aliás, a diretriz que nos foi passada pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal, em 2009, é de que não devemos expor a imagem dos presos. O governo resolveu acatar essa recomendação apenas em maio deste ano, mas sempre foi a conduta disseminada para nossas equipes. Os crimes não são espetáculos e os criminosos não devem jamais ser tratados como atrações. É questão de bom senso.

Mas os resultados obtidos têm sido celebrados pela concorrência?

Na verdade, prefiro não discorrer mais sobre o jornalismo feito pela concorrência. O que posso dizer é que nas nossas emissoras optamos pelo jornalismo digno e aprofundado; um jornalismo que persegue a veracidade dos fatos e não se omite diante de irregularidades e injustiças. A consequência disso é agradar o público que reconhece um produto de qualidade e conquistar reconhecimento da categoria, como o prêmio Sebrae de Jornalismo que ganhamos com a Caravana JPB, concorrendo com trabalhos de todo o país. Acabamos de receber a notícia de que a série também foi vencedora no Prêmio Clara de Assis, concedido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A Caravana JPB é motivo de muito orgulho. Foi um projeto de altíssimo nível; a equipe percorreu mais de 5 mil quilômetros, ouvindo a população de todas as microrregiões paraibanas. O interessante é que isso aconteceu às vésperas das eleições e contribuiu para que os candidatos tomassem conhecimento dos problemas enfrentados pelo Estado. Outro diferencial do jornalismo que praticamos é que aproveitamos a hora do almoço para realizar edições mais leves e sempre que possível trazer novidades em datas especiais, como o projeto JPB São João, que está sendo transmitido toda sexta-feira, direto do Parque do Povo.

Como o senhor avalia o atual momento do mercado publicitário?

Acho que o mercado publicitário local evoluiu muito em alguns aspectos, sobretudo no volume de publicidade, transitando nas mais diversas mídias. Ainda assim, percebo a necessidade de termos um mercado com mais autonomia, um mercado em que a iniciativa privada seja seu motor. Isso é algo que conseguimos pouco a pouco, com o desenvolvimento do comércio local, afinal um varejo forte faz o mercado forte. Temos um sindicato (Sinapro) atuante; uma associação (Abap) que trabalha para a qualificação do mercado. Aliás, diga-se de passagem, é extremamente importante que as agências busquem a certificação do Cenp. É de igual relevância que o mercado deixe de depender de verbas públicas, pois podem se deparar com uma retração dessa fonte a qualquer momento.