Flávio Lúcio
Hoje, o espaço da coluna pertence a dois colaboradores, cujos textos dão uma ideia muito precisa da qualidade, não apenas dos que leem cotidianamente este espaço, mas, também, dos que procuram ir além e se tornam, com a pertinência dos seus escritos, partícipes de um esforço que não tem outro objetivo a não ser tornar a Paraíba um estado melhor de se viver. Claro que aqueles para quem as críticas são dirigidas, não apenas não as suportam, mas desdenham completamente delas, até que um dia se tornem um escândalo nacional. Não se trata aqui de fazer um jornalismo de “oposição”, mas transformá-lo num instrumento de fiscalização e – por que não? – de crítica da sociedade. Ou será que teremos sempre de conviver com essa estranha mania que muitos jornalistas tem de fazer “oposição à oposição” como se na Paraíba não tivesse governo e como se o governo não merecesse o mesmo rigor com que determinados membros da oposição são tratados.
Mas, deixemos que nossos colaboradores falem. O primeiro deles é Otomar Legorio, que faz uma grave denúncia sobre corte de gastos no Hospital de Traumas de João Pessoa. Mais um capítulo (o último?) dessa questionável transferência de gestão pública para gestão privada do mais importante hospital do estado. O segundo, que preferiu não se identificar, trata de um fato que é recorrente nessa nova e republicana Paraíba: o nepotismo. Nesse caso, a situação descrita na administração de Mataraca, com cópias das portarias que comprovam as nomeações, chega a ser cômica, mas é, na realidade, uma tragédia que mostra como famílias se apropriam de governos – interior adentro apenas? – transformando-os em extensão de seus interesses particulares.
No Trauma, a ordem é cortar custos
O novo enredo entoado pela tal “gestão pactuada” do mais importante nosocômio público de João Pessoa, o Hospital de Trauma, parece querer ir muito mais além com as maldades, desta feita impondo justamente a quem mais precisa um tratamento digno do talvez mais cruel de todos os deuses da mitologia grega. A história que ora narro é mais uma entre tantas outras de uma Paraíba ávida por socorro. Os representantes da referida instituição, ávidos por corresponder ainda mais seus superiores, têm adotado uma série de artifícios para aumentar divisas e receitas, reduzindo despesas. Sem qualquer destemor, o senhor Edvan Benevides, representante mor do destacamento, tem dito e repetido aos seus que a ordem é cortar custos, demitir, enxugar, nem que para isso seja preciso expurgar pacientes.
A situação é inusitadamente dramática, tendo em vista que promover superávit com a saúde pública é o mesmo que fazer com que paciente anêmico doe sangue, ou, se for o caso, desligar oxigênio em leito de UTI. Mais que isso, a julgar pela metodologia empreendida por Dr. Edvan, prezado Rubens, podemos concluir que os arautos da “Nova Paraíba” tentam reeditar a trajetória de Tífon, o mais malvado de todos os deuses gregos, responsável, inclusive, por impor derrota ao próprio Zeus. Em tom professoral, o ínclito, preclaro e insigne gestor, não satisfeito com o andamento do enxugamento das despesas, inovou com um tal “Índice de Segurança Técnica”, uma espécie de escala preparatória contendo nomes de profissionais que a partir de agora estão ao bel prazer da vontade do colérico doutor.
É por tudo isso que a aldeia vive tempos de involução, tanto é verdade que profissionais e pacientes estão cada vez mais traumatizados com os últimos acontecimentos, sobretudo pelas últimas e mal sucedidas investidas dos representantes, que têm investido massivamente na mídia para tentar passar a imagem de que na Pequenina a saúde vai de vento em pompa. Contudo, quem mais precisa conhece de perto a realidade e sabe que a situação é diametralmente oposta das estórias contadas pelos ‘iluminados’ marqueteiros de um governo que está indo cada dia mais longe com as suas perversidades. O que estava péssimo e inaceitável acaba de chegar ao inacreditável nível de descaso com a população e os profissionais que labutam no Hospital de Trauma. Numa clara e insofismável demonstração de que a vida humana pouco ou nada representa para essa gente, roguemos a Deus e comecemos a nos mobilizar o quanto antes, adotando o que um dia os demais deuses fizeram para cessar as maldades de Tífon, que só foi derrotado quando todos se reuniram para enfrentá-lo.
“Mataraca à deriva”
A cidade de Mataraca possui nove Secretarias, mas, das nove, apenas quatro estão com seus titulares nomeados. Desses quatro, três são parentes diretos (ou agregados) do prefeito Olímpio. Na Secretaria Geral (que é uma Super Secretaria) ele colocou sua mãe, Claudia Alencar; na Secretaria de Saúde, colocou sua prima (Jessykade Alencar), e na Secretaria de Obras, colocou o seu padrasto (Silvano José). Achando pouco, chegou a nomear a mãe também como tesoureira do município, mas depois viu que era demais a mãe ter dois cargos comissionados e tornou sem efeito a portaria.
Como a ex-prefeita, em um de seus últimos atos (combinado com o atual gestor), exonerou todos os secretários e cargos comissionados, a cidade está à deriva, sem Secretário de Educação, de Transportes, de Agricultura, entre outros. Talvez porque o prefeito esteja procurando por outros parentes e/ou agregados para ocupar os cargos.
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A coluna está à disposição para esclarecimentos e contestações do que foi publicado acima, tanto da direção do Hospital de Trauma de João Pessoa quanto da Prefeitura de Mataraca.