E os problemas da Paraíba?

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Rubens Nóbrega

Apesar de feliz com o que está vendo nas ruas, Robson Bezerra Duarte sente falta de problemas estaduais na pauta, vozes e cartazes dos manifestantes paraibanos que foram às ruas semana passada e prometem repetir o ato nesta quinta-feira (27). Ele resolveu compartilhar com o colunista essa sua percepção. Por considerar extremamente oportunas as observações do leitor, exponho a seguir alguns tópicos do texto que o rapaz escreveu e publicou no FaceBook. Faço-o usando palavras e frases do autor.

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• Segurança, por exemplo, tema muito pouco explorado. E é um problema que hoje atinge a todos.

• E o Judiciário, lento, abarrotado de processos, muitas vezes decidindo equivocadamente, às vezes nem decidindo? Vejam no nosso Estado os casos do Ipep, das greves de servidores, só para exemplificar. Vejam que chegamos ao ponto de o TJ da Paraíba mandar desarquivar processo tramitado na Assembléia (empréstimo da Cagepa – não quero entrar no mérito).

• E os casos em que o Judiciário “manda” e o governo não obedece, como ficam? Já viram algum secretário ser preso pelo crime de desobediência?

• Nosso prefeito (Luciano Cartaxo, da Capital) apenas antecipou-se a reduzir o preço da tarifa retirando/reduzindo algum tipo de tributo. Acho que o ideal não é este, mas sim que toda e qualquer diminuição seja retirada da gordura existente no “sistema de transportes”.

• Muito movimento em relação à PEC 37. Sou favorável a quanto mais órgãos investigando, melhor. No entanto, isto não basta! Queremos punição!

• Prestadores de serviço assinaram ano passado contrato abrindo mão de todos os seus “eventuais direitos”. Em uma só via. Sem direito a uma cópia do contrato. Se não assinassem não tinham o contrato renovado! Pessoas contratadas antes da Constituição de 88 foram colocadas para fora e tiveram outros prestadores contratados em seu lugar.

• O pessoal do Ipep está em situação caótica. Teve seus salários dilapidados!

• A Polícia Militar está sem poder adoecer ou ser ferida em ação senão perde uma bendita “bolsa”.

• A estrutura das delegacias dá nojo! Há falta de pessoal. A Justiça mandou contratar todos os policiais civis concursados. Pessoas abandonaram empregos para fazer treinamento obrigatório. Governo cumpriu? Não sei. Vi gente dizendo que não!

• Esses são alguns dos pontos que critico e quase não vi na manifestação.

Aguardando respostas

Por i-meio, solicitei ontem ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) esclarecimentos sobre nota publicada no Blog do Dércio dando conta da promoção de um forró no órgão (com direito a show de Capilé e tudo o mais) na última quinta-feira (20), justamente o dia em que o povo saiu às ruas da Capital para protestar, entre outras coisas, contra dinheiro público financiar festanças em repartições.

Já através de mensagem de texto via celular, também ontem perguntei ao prefeito Luciano Cartaxo, de João Pessoa, se ele vai ou não mandar auditar a planilha que define a tarifa dos ônibus da Capital paraibana. Em outras capitais, por inércia ou omissão dos prefeitos, o quanto realmente deveria custar a passagem do coletivo já está sendo investigado pelo Ministério Público ou auditores de tribunais de contas.

FHC, o desmemoriado

Uma vez empossado Presidente da República em 1995, Fernando Henrique Cardoso mandou o povo esquecer o que ele escrevera. Uma vez no governo, dizem que foi o próprio quem mais esqueceu seus escritos. Não sei. Jamais li FHC. Só sei de duas coisas. Primeiro, tive bastante motivo para tentar esquecer o que ele fez no governo. Não consigo. A grande mídia, que adora FHC, não deixa.

Reverenciado feito oráculo por folhões, estadões e assemelhados, o homem está sempre em evidência, em todas.

Graças a tão generoso tratamento, a segunda coisa que sei a respeito de FHC é que ele esqueceu de mandar o povo esquecer também o que ele falou. Tiro pelo que vi ontem na Folha de S. Paulo. Ao jornal dos Frias FHC disse que era próprio “de regimes autoritários” a proposta de plebiscito sobre fazer reforma política através de Constituinte Exclusiva, como propôs a Presidente Dilma.

Pois bem, lendo uma coisinha aqui e outra ali sobre o assunto acabei botando os olhos em uma postagem do blog de Luiz Nassif sobre o mesmo FHC defendendo, em 16 de abril de 1998, uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política que então já tramitava no Congresso há três anos, ou seja, desde o começo do FHC I. Se alguém tem dúvida, recomendo visitar na Internet o seguinte endereço: www.dpnet.com.br/anteriores/1998/04/17/brasil1_0.html.

Detalhe: a oposição que hoje acusa Dilma de não aprovar porque não quer a reforma política com o Congresso que aí está, onde o governo petista tem base aliada majoritária, é a mesma que nos dois mandatos de FHC participou de uma base aliada igualmente majoritária e também não fez a reforma política. Quer dizer, fez sim. FHC mobilizou o Congresso para aprovar uma reforma política que lhe deu o direito à reeleição e a mais um mandato durante o qual desmobilizou por milhões de reais um patrimônio público que valia trilhões. Refiro-me às privatizações que petistas e similares chamam de ‘Privataria tucana’.

Outro detalhe: a bem da verdade, e em homenagem ao benefício da dúvida, digo que até hoje ninguém sabe calcular o quanto custaram reeleição e privatizações. Por um terceiro detalhe muito simples: tais custos são, simplesmente, incalculáveis.