Ficou para 2026 a decisão sobre o comando da Federação União Progressistas na Paraíba, onde há divergências entre o senador Efraim Filho, do União Brasil, e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do Progressistas. Em tese, houve uma ‘vitória parcial’ do senador Efraim, pré-candidato a governo pela oposição, que vinha apostando fichas numa estratégia de protelação como forma de ganhar tempo e se credenciar, inclusive, com o reforço do seu alinhamento com o bolsonarismo, que já oficializou apoio à sua pretensão através de fala da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Os Ribeiro esperavam que a definição ocorresse ontem, efetivando o grupo no comando e fortalecendo as chances de uma candidatura, no âmbito da Federação, do vice-governador Lucas, que foi saudado em Brasília pelo senador Ciro Nogueira como “o próximo governador da Paraíba”.
As chances do “clã” Ribeiro ainda não estão totalmente perdidas – pelo contrário, há trunfos na mesa, como a perspectiva de Lucas investir-se na titularidade a partir de abril do próximo ano, com o afastamento do governador João Azevêdo (PSB) para concorrer ao Senado. Um outro fator agregador pode ter sido o anúncio da desistência da senadora Daniella Ribeiro em concorrer à reeleição ao Congresso, o que significou, em Brasília, gesto de desprendimento, já que ela tinha o direito natural da postulação, independente da candidatura do filho Lucas ao Palácio da Redenção. Os caciques dos partidos União Brasil e Progressistas deliberaram que o controle das siglas nos Estados onde há divisões terá como critério o prestigiamento aos que estiverem melhor posicionados em cenários eleitorais de disputa. Por enquanto, nas pesquisas informais feitas na Paraíba, Efraim e Lucas registram baixa pontuação nas intenções de voto, mas eles tendem a avançar nos percentuais dentro da teoria do fato consumado, ou seja, da irreversibilidade dos projetos, ainda que em campos distintos.
Os dois lados vaticinam novas batalhas pela frente, o que sinaliza movimentos de pressão nos bastidores junto às cúpulas do União Brasil e do Progressistas sobre as credenciais de Efraim e de Lucas. A nível nacional, a federação está alinhada com uma candidatura de direita à Presidência da República, dificultando a formação de palanques pró-Lula nos Estados onde os dois partidos terão candidatos a governador. Lucas havia admitido que abrirá palanque para a campanha do presidente Lula, o que atende a uma preocupação latente do Partido dos Trabalhadores, que, isoladamente, não tem condições de aglutinar forças para contribuir para a repetição de performances vitoriosas do petista na Paraíba verificadas em pleitos anteriores. Efraim canta de galo acreditando que o posicionamento pró-direita da Federação será o seu derradeiro cacife para manter o controle do agrupamento, forçando os Ribeiro a migrar para outro rumo em busca de sobrevivência.
Ao selar, ontem, uma aliança para a disputa das próximas eleições, PP e União Brasil reforçaram as críticas ao governo Lula, evitando descer a detalhes, porém, sobre a entrega de ministérios e cargos na gestão petista. Sobre isto, despistam que convocarão reuniões para decidir sobre o tema quando a federação estiver homologada pela Justiça Eleitoral, o que provavelmente ocorrerá mais próximo do fim do ano. Os dois partidos, que são vinculados ao Centrão, defendem ajuste fiscal, menos impostos e redução do tamanho do Estado, reforçando que o caminho da federação é diferente daquele trilhado pela gestão petista. Há meses os presidentes Ciro Nogueira (PP) e Antônio Rueda (União) ameaçam romper com o Planalto e fazem críticas abertas ao governo, além de demonstrarem alinhamento com uma candidatura presidencial de direita, seja qual for o ungido ou a ungida. Todavia, alas mais próximas ao governo pressionam contra o desembarque, alegando que é melhor esperar até abril.
O paraibano Efraim Filho é um dogmático na defesa do rompimento-já. Segundo a “Folha de São Paulo”, o presidente Lula tem se incomodado com as críticas, tanto que em julho convocou os três ministros do União Brasil para cobrar mais apoio e explicações sobre as falas do presidente do partido. O governo, contudo, evita a demissão porque pretende contar com o apoio de alas de cada sigla nos Estados, mesmo que admita ser quase impossível o apoio dessas duas legendas no nível federal. A Federação União Progressista será o grupo mais forte do Congresso, com a maior bancada da Câmara (109 deputados federais) e do Senado (14 senadores), maior parcela dos fundos partidário e eleitoral e o maior tempo de propaganda eleitoral na TV e no rádio. As dissidências internas são insuficientes para barrar a Federação, embora ocorram disputas em nove Estados pelo comando da nova legenda. Com o adiamento da decisão sobre o comando nos Estados para abril, pela direção nacional, persistirá a guerra entre facções, que poderá ser abreviada se litigantes ameaçados de derrota jogarem a toalha e se abrigarem em outro agrupamento.