Polêmicas

Deflagrando o processo eleitoral, o país está seguro para tentar resolver seus impasses através de eleições livres

O EMPORCALHAMENTO PARTIDÁRIO

Gilvan Freire

923506_481700515265538_1378128575_n                         Antes da eleição, por conta do descontentamento generalizado da população com os políticos e suas práticas de decadência moral, não se sabia como o eleitor ia reagir diante de uma classe tão despudorada. Mas já se advertia antes que, possivelmente, a eleição ia ocorrer sem maiores transtornos, mesmo com as preocupações decorrentes das instabilidades sociais desabrochadas a partir de junho de 2013, período da Primavera Brasileira – um prenúncio do que vinha ocorrendo no mundo Árabe.

De fato, parecia esquisito conciliar a raiva do povo contra os políticos e uma eleição em que eles são os principais protagonistas e alvo da consideração dos eleitores. Como compatibilizar desagrado e revolta com agrado e consideração? O X da questão estava na constatação de que a eleição teria de ser feita com os mesmos políticos e os mesmos métodos de sempre, e só haveria uma possibilidade de acontecer uma mudança: era o povo ir para as ruas e melar o processo, porque outra saída não haveria. Além do mais, se dizia, nem um grande líder o país tinha para apontar novos caminhos, e da incerteza o povo tem medo.

 

Pois bem. Deflagrando o processo eleitoral, o país está seguro para tentar resolver seus impasses através de eleições livres, sem traumas ou sobressaltos, com o inusitado de continuar sem lideres e com a circunstância grave de ter de usar os que tem, entre lideres farsantes, exploradores  da confiança do povo e os velhos e carcomidos discursos e promessas.

 

A essas alturas, qual a cara nova surpreendente que está na tela e qual a linguagem que desperta confiança? Será que a eleição vai produzir alguns lideres, ou será que o eleitor vai misturar todas e mexer na tentativa de extrair apenas os menos ruins? Onde está o político dos sonhos do eleitor, qual o nome dele ou dela e qual é o Brasil novo que sai da cabeça deles?

 

A verdade é uma só: a eleição será feita com os produtos mofados que estão na prateleira e não melhoraram em nada da Primavera Brasileira para cá. Naquele momento, eles tiveram pelo menos medo, e agora nem isso eles têm mais. Medo de que se os eleitores vão ter de escolher entre os mesmos espantalhos assustadores que estão ai?

 

Mas para que sobrevivessem todos os políticos mal-afamados, pecadores de todos os santos dias, foi preciso que aparecesse uma vítima para pagar-lhe os pecados bestiais que cometem. Então eles mesmos resolveram golpear os partidos, que de tanto se misturarem nas promiscuidades ficaram parecidos uns com os outros. Não sobrou um só partido que não tenha se corrompido e metido a mão no poço dos maus costumes que inunda o país. Muito embora a degradação seja obra dos políticos, os partidos ficaram iguais a eles, porque se transformaram em associativos dos covis. Viraram um antro de perversões.

 

Esta é a eleição sem partidos, pois os políticos transferiram seus atos desabonadores para as associações partidárias. Elas que morram, contanto que seus sócios se salvem. É assim mesmo: salve-se quem puder, ainda que as práticas políticas dos líderes sejam as mais degradantes, entre traições explicitas, compra e venda desavergonhada de votos e epoios, uso e abuso de dinheiro público e manejo de recursos sem origem idônea.

 

Ninguém tem mais partido (nem pudor) e a campanha é uma festa de confraternização entre gregos e troianos, porque todos são agora apenas os impuros do mesmo nível. E o eleitor já começa a ter interesse neste carnaval de Sodoma e Gomorra fora de época. Vira samba. E só o futuro é que trará a ressaca.