Defensores do golpe contra Dilma atacam jornalistas

No último sábado um grupo de cerca de mil pessoas, segundo estimativas da Polícia Militar, ocupou um quarteirão da avenida paulista para pedir, entre outras bandeiras, a imediata deposição da presidenta reeleita Dilma Rousseff, seja por meio de um impeachment ou por “intervenção militar”. Os jornalistas que estiveram no ato reportagem o que viram, e o que qualquer cidadão pode verificar pelas fotos que foram publicadas. O evento foi composto por centenas de pessoas com adesivos do candidato Aécio Neves e cartazes e faixas contra Dilma, Lula, o PT e pedindo “ajuda” aos militares.

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Repórteres que cobriram o ato do final de semana para sites e jornais estão tendo suas redes vasculhadas e estão sendo sistematicamente atacados por militantes de direita No último sábado um grupo de cerca de mil pessoas, segundo estimativas da Polícia Militar, ocupou um quarteirão da avenida paulista para pedir, entre outras bandeiras, a imediata deposição da presidenta reeleita Dilma Rousseff, seja por meio de um impeachment ou por “intervenção militar”. Os jornalistas que estiveram no ato reportagem o que viram, e o que qualquer cidadão pode verificar pelas fotos que foram publicadas. O evento foi composto por centenas de pessoas com adesivos do candidato Aécio Neves e cartazes e faixas contra Dilma, Lula, o PT e pedindo “ajuda” aos militares.

Após cobrirem a manifestação, os jornalistas que lá estiveram estão tendo suas redes sociais particulares vasculhadas pelos militantes insatisfeitos com a cobertura. Fotos e informações pessoais estão sendo usadas para atacá-los, compondo uma teoria da conspiração na qual todos os veículos são “petistas”. Segundo os manifestantes, os jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, a TV Globo, e o programa CQC, da Bandeirantes são, na verdade, veículos “petistas” ou “pró-Dilma”. Veículos que não estiveram no ato, como CartaCapital, também estão tendo seus profissionais intimidados por meio da exposição de suas redes sociais.

O radicalismo dos participantes de tal “movimento” é tamanho que mesmo o ex-deputado federal Xico Graziano, um dos coordenadores da campanha de Aécio Neves na Internet, está sendo qualificado de “petralha” e “comunista” por criticar o pedido de golpe militar que os próprios eleitores de Aécio levaram às ruas.

A bandeira defendida pelos manifestantes da Avenida Paulista não é defendida nem pelo Clube Militar, que reúne ex-oficiais que participaram do regime militar. Em nota, a entidade afirmou: “A maioria decidiu. Não interessa que não seja a nossa opção. É a regra”. E completou: “Perder nunca é um fato facilmente aceitável, mas faz parte do jogo e da vida.”

O candidato tucano Aécio Neves, durante a campanha, levantou bandeiras deste grupo. Por duas vezes levou aos debates a questão do financiamento do Porto de Mariel –como uma “prova” da conspiração bolivariana-petista-Foro de São Paulo—e usou elementos como o “Godzilla cubano”. Aécio também não se opôs ao pedido de auditoria no resultado das eleições e, mesmo após o pleito, insiste em frases como “O Brasil perdeu o medo do PT”, instigando uma oposição entre o país e o partido.

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo divulgaram nesta segunda-feira 3 notas oficiais de repúdio às ameaças sofridas por repórteres que cobriram a manifestação. Segundo as entidades, trata-se de um “atentado à liberdade de expressão”.