Relatoria da comissão

CPI do INSS: oposição vence e assume presidência e relatoria de comissão sobre fraudes no governo Lula

CPI do INSS: oposição vence e assume presidência e relatoria de comissão sobre fraudes no governo Lula

O governo sofreu uma derrota logo na instalação da CPI do INSS e viu opositores a Lula serem eleitos para a presidência e a relatoria da comissão, os dois postos mais importantes. O Palácio do Planalto apostava em nomes alinhados ao Executivo para travar as investigações e evitar desgastes.

Governistas viram o episódio como uma reviravolta. O senador Carlos Viana (Podemos-MG), de oposição, foi eleito com 17 votos, contra 13 dados a Omar Aziz (PSD-AM), que era considerado favorito e contava com o apoio de Lula e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). O presidente indicou um relator de oposição, que será o deputado Alfredo Gaspar (União-AL). O nome apoiado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), era o do deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO).

A vitória de Viana refletiu uma articulação de última hora que garantiu vantagem de três votos à oposição. A comissão foi criada para apurar irregularidades em descontos indevidos sobre aposentadorias e pensões, um esquema que, segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), pode ter causado prejuízos superiores a R$ 6,4 bilhões.

— Quero agradecer cada um dos 17 senadores. Foi uma articulação dos últimos dias — agradeceu Viana.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou após a escolha que a estratégia foi definida em um encontro com Viana e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN):

— Estávamos analisando a possibilidade que a gente teria de ganhar lançando uma candidatura avulsa. Conversamos com alguns presidentes de partido e fizemos a articulação e conseguimos a vitória. Foi tudo ontem, a partir de 21h45min — disse Sóstenes.

Entre os pontos sensíveis para o governo estão as possíveis convocações do ministro da Previdência, Carlos Lupi, de seu sucessor Wolney Queiroz, do presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, e do ex-chefe do instituto Alessandro Stefanutto.

A estratégia da base governista será associar as fraudes a gestões anteriores, sobretudo ao período do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Petistas como Paulo Pimenta (RS), Alencar Santana (SP), Rogério Carvalho (SE) e Fabiano Contarato (ES) integram a linha de frente do Planalto na comissão e prometem explorar essa narrativa.

Parlamentares bolsonaristas também pressionam pela convocação de Frei Chico, irmão do presidente Lula, que tem ligação com o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). A entidade foi citada em relatório da CGU sobre possíveis fraudes, mas Frei Chico não é investigado, e o sindicato nega irregularidades.

Quem compõe o colegiado

Senadores titulares

  1. Eduardo Braga (MDB/AM)
  2. Renan Calheiros (MDB/AL)
  3. Professora Dorinha Seabra (UNIÃO/TO)
  4. Carlos Viana (PODEMOS/MG)
  5. Plínio Valério (PSDB/AM)
  6. Eliziane Gama (PSD/MA)
  7. Cid Gomes (PSB/CE)
  8. Jorge Seif (PL/SC)
  9. Izalci Lucas (PL/DF)
  10. Eduardo Girão (NOVO/CE)
  11. Rogério Carvalho (PT/SE)
  12. Fabiano Contarato (PT/ES)
  13. Leila Barros (PDT/DF)
  14. Tereza Cristina (PP/MS)
  15. Damares Alves (REPUBLICANOS/DF)

Deputados titulares

  1. Coronel Chrisóstomo (PL/RO)
  2. Coronel Fernanda (PL/MT)
  3. Adriana Ventura (NOVO/SP)
  4. Paulo Pimenta (PT/RS)
  5. Alencar Santana (PT/SP)
  6. Alfredo Gaspar (UNIÃO/AL)
  7. Duarte Jr. (PSB/MA)
  8. Julio Arcoverde (PP/PI)
  9. Rafael Brito (MDB/AL)
  10. Sidney Leite (PSD/AM)
  11. Romero Rodrigues (PODEMOS/PB)
  12. Beto Pereira (PSDB/MS)
  13. Mário Heringer (PDT/MG)
  14. Bruno Farias (AVANTE/MG)
  15. Marcel van Hattem (NOVO/RS)

O Globo