Polêmicas

Cássio está fazendo chover na Paraíba

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Gilvan Freire

Bastou que a imprensa noticiasse que Cássio poderia ser candidato a governador em 2014, segundo opinião pinçada de dois ministros do Supremo que foram seus algozes no processo de sua cassação, e a maré política no estado altera seus movimentos de fluxo e refluxo. Entre os paraibanos, Cássio está politicamente tão forte que parece mudar a rotação do globo e influenciar a tábua das marés.

Foi a partir da noticia, divulgada nesta terça-feira no blog de Heron Cid, que os prefeitos paralisaram a marcha das adesões e alguns deputados fugiram para não encontrar o governador, que até já havia anunciado ruidosamente um encontro com sua bancada, coisa tão rara que careceu de preparo e notícias previas em toda a mídia. Ao que parece, ou RC não deu ‘ordem unida’ a seus deputados, ou eles fizeram de conta que não ouviram, porque ninguém saiu do evento tecendo loas e animados com o futuro das relações bilaterais.

Mas foi nesta quarta-feira, na 98.3 FM, que a bússola política da Paraíba quebrou seu eixo magnético e endoidou o processo. Ouvido de Brasília, Cássio disse que RC esteve em seu gabinete no dia anterior, um lugar que até os eleitores mais simples sabem onde fica, mas que RC só descobriu agora, embora Cássio seja Senador pela Paraíba e patrono de sua eleição.

Disse Cássio que falaram sobre tudo, inclusive das propaladas adesões em massa de prefeitos e da aquisição de Wilson Santiago, retirante do PMDB à busca de abrigo governamental.

Dos prefeitos, Cássio afirmou que isso não leva a nada e que, às vezes, significa trocar seis por meia dúzia ou menos. Disse que isso nunca foi preponderante para se ganharem eleições, quando não são motivos de derrotas, como aconteceu nos últimos tempos.

SOBRE WILSON SANTIAGO, a quem Cássio ama tanto quanto amou Maranhão outrora, o Senador foi mais enfático e exigiu que fosse respeitado o princípio da antiguidade, para que o adesista não queira tomar o lugar de correligionários. Foi claramente um veto em branco. Resta a Wilson patinar, se RC não pensar em sentido contrário ao que Cássio pensa. Por enquanto, Santiago está apenas pavimentando sua estrada até o purgatório.

Contudo, a parte mais explosiva das declarações de Cássio foi quando ele declarou que não tem vontade de disputar o governo em 2014 e que poderá manter a aliança com RC, mas não sabe se ele quer. Há ainda outra questão: a dos espaços dos aliados dentro do governo.

Além de dizer que quer a aliança com Cássio, coisa que RC nunca disse em canto nenhum, RC ainda tem que demonstrar que quer, praticando atos compatíveis com essa disposição. Ou seja: RC, pela primeira vez, está com a aliança com Cássio sob condição imposta pelo aliado, que também precisa saber com que tipo de mudo está tratando.

Ciente de seu prestigio eleitoral em alta, contrapondo-se com o baixo prestigio do governador e seu governo perante a população do estado, Cássio deu seu tiro de misericórdia, como quem está ciente de que pode ser candidato a governador, bastando somente ter vontade: “precisamos discutir também os espaços dos nossos correligionários no governo”.

Enfim, chegou a hora, que já era esperada, em que Cássio e RC começam a ter o inevitável encontro com a verdade política, a bela adormecida que haveria de acordar no tempo certo, ainda que desperte assustando a muita gente. Moral da história: ou RC se ajoelha para pagar os pecados que tem cometido contra o povo, ou vai ser submetido ao pior dos castigos – enfrentar Cássio nas ruas e ser chicoteado pelo eleitor nas urnas.