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CASO FIJI REPERCUTE EM COLUNA NACIONAL - O nome dele é Bueno Aires. Mas o golpe com bitcoins foi na Paraíba - Por Chico Otávio

Fotos: reprodução

O caso FIJI está repercutindo nas mídias nacionais, o caso da empresa de Bueno Aires ganhou um espaço na coluna do jornalista Chico Otávio, no jornal O GLobo. Leia abaixo:

Atende pelo nome de Bueno Aires José, o mais recente operador financeiro acusado de aplicar um golpe milionário com o aluguel de criptomoedas dos clientes. As investigações do Ministério Público da Paraíba (MP-PB) calculam em R$ 399 milhões o calote suportado pelos clientes da Fiji Tech Ltda e da Softbank Desenvolvimento de Software, firmas de Bueno Aires sediadas em Campina Grande, a 126 milhas de João Pessoa.

Golpes recentes, um deles também em Campina Grande, revelaram que o aluguel de criptomoedas é uma forma disfarçada de pirâmide financeira. No caso de Bueno Aires, o Programa Estadual de Proteção ao Consumidor do MP-PB ajuizou uma ação civil pública para estancar o prejuízo. Além de pedir à Justiça paraibana que proíba novas captações de clientes, o promotor Sócrates da Costa Agra pediu o bloqueio dos bens dos sócios e o recolhimento de seus passaportes.

No início do ano, Campina Grande foi palco de outro escândalo envolvendo um golpista. Acusado de dar um calote nos clientes, após movimentar R$ 1,5 bilhão nos últimos quatro anos, o operador Antônio Inácio da Silva Neto, dono da Braiscompany, fugiu de uma ordem de prisão preventiva. Sócrates Agra, que também atendeu ação civil para o caso, disse que a cidade paraibana sofre um baque financeiro, com evasão de ativos sem precedente.

— Lamentavelmente, essas empresas de locação de ativos não foram lacradas pela Comissão de Valores Mobiliários e pelo Banco Central, pois era fato público e notório que estava operando sem registros ou autorização. O pior é que muitos investidores venderam sem bens, apostaram tudo nessas operadoras e não conseguem honrar com os pagamentos dos estudos dos filhos — lamentou.

O esquema de Bueno Aires, apurou o MP-PB, funcionava da seguinte forma: os clientes eram obrigados a adquirir criptomoedas em corretoras internacionais e as entregavam a Fiji, que como gerenciava por intermediário de contrato de cessão temporária dos ativos. Bueno Aires e seus sócios, Breno de Vasconcelos Azevedo e Emilene Maria Lima do Nascimento, se comprometeram a remunerar os investidores a cada 30 dias.

Em fevereiro, suportaram os atrasos. Alertado, o MP-PB cobrou esclarecimentos ao operador. Em audiência no dia 10 de março, Bueno Aires alegou que uma das corretoras internacionais com as quais operava, a Kucoin, bloqueou o seu acesso à exchange e, com isso, inviabilizou os saques e transferência de recursos.
2 de 2 Buenos Aires José, operador financeiro acusado de calote com criptomoedas em Campina Grande (PB) — Foto: Reprodução/Redes sociais
Buenos Aires José, operador financeiro acusado de calote com criptomoedas em Campina Grande (PB) — Foto: Reprodução/Redes sociais
Na ação, o promotor sustenta que o modelo de negócios desenvolvido pela Fiji é “extremamente turvo, desde o objetivo do empreendimento em si (a gestão de criptoativos), bem como também as suas práticas ou mesmo o seu histórico de operações, por enquanto é erguido dentro de um modelo de negócios que funciona dentro de lacunas da legislação.” O esquema de Bueno Aires, diz o MP, foi montado para escapar do controle e da fiscalização do Banco Central e da CVM, sem nunca passar por nenhum tipo de auditoria.

Natural de Gurjão, cidade de 3 mil habitantes perto de Campina Grande, Buenos Aires desenvolveu uma plataforma própria, no âmbito da Softbank, para movimentar os recursos dos clientes. Seu negócio atraiu empresários e autoridades locais. De acordo com o MP-PB, Fiji usava contas pessoais dos sócios para movimentar até os valores dos clientes. Como no caso de outros operadores investigados por fraudes semelhantes, as redes sociais eram usadas por Buenos Aires para divulgar a imagem de um homem de sucesso — com a ajuda de uma peruca que adotou para consolidar o visual.

A BlockSeer, empresa criada por especialistas em crimes cibernéticos e financeiros, acompanha o caso. Sobre a alegação do diretor de Fiji para justificar os atrasos (bloqueio da Kucoin), os técnicos alegam que Bueno Aires “não só está se esforçando para criar justificativas aos seus clientes e aos próprios órgãos de perseguição criminal como forma de procrastinar eventual apuração de responsabilidades na seara criminal, bem como de noticiar supostas fraudes que nunca foram provadas, desviando o foco de atenção das pessoas e do interesse coletivo”.
Procurado, Bueno Aires limitou-se a dizer que seus outros sócios deveriam assumir, também, as responsabilidades pela Fiji, mas não deu orientação sobre o calote.

Fonte: O GLOBO
Créditos: Polêmica Paraíba