Opinião

Campanha de Lula à reeleição terá palanque eclético na Paraíba - Por Nonato Guedes

Campanha de Lula à reeleição terá palanque eclético na Paraíba - Por Nonato Guedes

Ainda está em construção, pelo Partido dos Trabalhadores e pela coordenação nacional da campanha à Presidência da República em 2026, o formato do palanque de apoio à candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, mas é fora de dúvidas que o mandatário contará com um palanque eclético na Paraíba, com apoios distribuídos entre líderes e forças políticas de diferentes partidos, que, inclusive, atuam como adversários na conjuntura local. Os casos do governador João Azevêdo (PSB) e do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) são emblemáticos: eles se enfrentarão nas urnas, o primeiro tentando conquistar uma vaga no Senado, o segundo buscando a sua reeleição, mas estarão unidos na manifestação de apoio ao atual presidente-candidato. João e Veneziano já se enfrentaram em 2022, ao governo do Estado, e tiveram Lula como candidato ao Planalto, sendo que o presidente apoiou o senador no primeiro turno e o governador no segundo turno.

Dentro do Republicanos, partido dirigido no Estado pelo deputado Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, ganha corpo a pré-candidatura do deputado Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, ao Palácio da Redenção. O Republicanos poderá rachar nacionalmente, no apoio à provável candidatura de um filiado ilustre, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ou ao presidente Lula. No caso específico de Adriano, ele tem histórico de fervoroso defensor do governo do líder petista e, ainda recentemente, na presença de um ministro de Estado, foi incisivo na defesa do mandato de Lula e das ações que empreende, destacando, em particular, a coragem de levar adiante o projeto de transposição das águas do rio São Francisco, que foi combatido até por líderes políticos do Nordeste. A posição de Adriano pró-Lula continua inarredável independente dos humores da cúpula nacional do Republicanos no processo da eleição presidencial no próximo ano.

Igualmente o vice-governador do Estado, Lucas Ribeiro, do Progressistas, que se lançou pré-candidato à chefia do Executivo em 2026, apresenta-se como defensor de pautas e programas do governo Lula, em sintonia fina com o governador João Azevêdo. O PT paraibano, que deverá investir maciçamente em eleições proporcionais, à Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa, compondo-se na opção para governador, enfatizará com prioridade a necessidade de recondução do presidente Lula, engajando militantes e expoentes na campanha nacional a ser deflagrada contra os bolsonaristas e na defesa de bandeiras ligadas à democracia e ao avanço de reformas econômicas e sociais que ainda estão em ritmo de passo de tartaruga no âmbito do Congresso Nacional. O ex-governador Ricardo Coutinho, que será candidato a deputado federal pelo PT, reconheceu como importante o posicionamento do presidente da Assembleia, Adriano Galdino, em prol de Lula.

Para o ex-governador, a atitude de Adriano destoa do comportamento de próceres de partidos que dizem estar na base de sustentação política do governo em Brasília mas que não assumem ostensivamente a defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e das suas ações – pelo contrário, combatendo-as de frente. Essa atitude parte, por exemplo, de parlamentares como o senador Efraim Filho (União Brasil), pré-candidato ao governo do Estado, o deputado Hugo Motta, crítico de medidas econômicas propostas pelo Planalto e o deputado federal Mersinho Lucena, do PP, que recentemente investiu em discurso contra políticas públicas da gestão de Lula. Efraim é aliado político do ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSD), que, em princípio, é favorável a uma candidatura do governador de São Paulo à Presidência da República.

O presidente Lula, nas últimas eleições, em 2022, quando venceu Jair Bolsonaro, obteve vantagem no resultado final na Paraíba, como, de resto, em outros Estados do Nordeste, onde sua popularidade é expressiva, como “recall” de projetos como o da transposição de águas do rio São Francisco. A perspectiva do presidente Lula e dos seus estrategistas é de ampliação da vantagem junto ao eleitorado do Nordeste na campanha de 2026 e, em paralelo, a conquista de apoios importantes em Estados de outras regiões onde o bolsonarismo e as forças de direita estão bem articuladas e competitivas. Em relação à Paraíba, a inflação de palanques não deverá atrapalhar o cronograma da campanha eleitoral por causa das divergências locais.

O PT e a coordenação de campanha do presidente Lula já possuem know-how suficiente para administrar situações de conflito ocasionadas por embates locais sem prejudicar o objetivo de reforçar a posição eleitoral do mandatário nos confrontos futuros.