Brasileiro condenado por tráfico na Indonésia deve ser executado hoje
Presidente rejeita pedido de Dilma Rousseff por clemência; Itamaraty alerta para “sombra” nas relações bilaterais
A poucas horas da execução do carioca Marco Archer Cardoso Moreira, 53 anos, o presidente da Indonésia, Joko Widodo, rejeitou um apelo da presidente Dilma Rousseff, com quem conversou por telefone. Após anos de esforços diplomáticos, a presidente tentou advogar pessoalmente em favor de Marco e de Rodrigo Muxfeldt Gularte, outro brasileiro no corredor da morte do país asiático. Segundo o Itamaraty, os esforços da diplomacia prosseguem, apesar da recusa de Widodo. O assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que apenas um “milagre” pode reverter a decisão e ressaltou que, caso a pena seja cumprida, isso representará uma “sombra” na relação entre os dois países.
Se o pedido de clemência não for aceito, Archer será o primeiro brasileiro submetido à pena de morte por um Estado estrangeiro e o primeiro preso executado no governo de Widodo, que assumiu o governo em outubro passado. O fuzilamento está marcado para a meia-noite de hoje (15h em Brasília). Outros cinco condenados também devem ser executados no fim de semana — um indonésio, um holandês, dois nigerianos e um vietnamita.
Em seu apelo, Dilma disse “respeitar a soberania da Indonésia e do seu sistema judiciário”, mas explicou que decidiu interceder “por razões eminentemente humanitárias”, segundo informou um comunicado da Presidência da República. Na mesma nota, o Palácio do Planalto informou que Widodo “ressalvou que não poderia comutar a sentença de Marco Archer, pois todos os trâmites jurídicos foram seguidos conforme a lei indonésia, e aos brasileiros foi garantido o devido processo legal”. A execução terá “repercussão negativa para a relação bilateral”, além de causar comoção no Brasil, explicou Dilma. Uma tia de Archer e familiares de Gularte chegaram à Indonésia nos últimos dias.