BARREIRA DO CABO BRANCO: “o silêncio de nossos ecologistas”

A Prefeitura da Capital fez ontem o esperado para proteger vidas e prevenir acidentes na barreira do Cabo Branco: interditou calçadas e vias asfaltadas ao trânsito de pessoas e veículos na parte mais vulnerável da falésia à erosão e avanços do mar. Mas a providência é apenas o primeiro passo, disse o vereador Raoni Mendes. Com ele deve concordar o Professor Rômulo Polari, secretário municipal de Planejamento, que também ontem anunciou o que pode ser o passo seguinte: executar projeto para proteger o que resta ou retardar em até 60 anos o desaparecimento do que o mundo ainda tem na conta de ponto mais oriental das Américas.

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Barreira: o primeiro passo – Rubens Nóbrega ( Jornal da paraíba ) – A Prefeitura da Capital fez ontem o esperado para proteger vidas e prevenir acidentes na barreira do Cabo Branco: interditou calçadas e vias asfaltadas ao trânsito de pessoas e veículos na parte mais vulnerável da falésia à erosão e avanços do mar. Mas a providência é apenas o primeiro passo, disse o vereador Raoni Mendes. Com ele deve concordar o Professor Rômulo Polari, secretário municipal de Planejamento, que também ontem anunciou o que pode ser o passo seguinte: executar projeto para proteger o que resta ou retardar em até 60 anos o desaparecimento do que o mundo ainda tem na conta de ponto mais oriental das Américas.

Só espero que Polari não tenha reeditado nessa quarta-feira a cena protagonizada há mais de três anos por sua antecessora no cargo. Refiro-me à deputada estadual recém eleita Estelizabel Bezerra. Precisamente no dia 20 de julho de 2011, ela coordenou uma interdição semelhante na área e na mesma data garantiu que o governo municipal, então sob comando do urbanista Luciano Agra, estava ultimando uma “solução definitiva e estruturante”: um projeto de proteção da falésia orçado em R$ 15 milhões, já sob análise da Sudema e da Caixa Econômica Federal. Desde então, nada aconteceu. A não ser a reabertura do tráfego naquele pedaço que vem se despedaçando a cada ano e ninguém com autoridade para tanto faz alguma coisa para ao menos estancar o desmanche.
Filho deste solo, cidadão e morador desta aldeia, como tantos outros conterrâneos torço sinceramente para que o alcaide da vez e equipe saiam das teses e palavras para uma ação concreta. Se agirem para além dos paliativos de sempre, teremos alguma chance de evitar a destruição da barreira; ao mesmo tempo, poderemos assistir ao desmoronamento da montanha de omissões, adiamentos e agravamentos da situação a que chegamos. Agravamentos como aquele que teria resultado da construção da Estação Ciência no local, entre 2007 e 2008, no primeiro mandato de Ricardo Coutinho como prefeito da cidade.
Sobre esse ponto específico da questão, o Professor Menezes, dos mais assíduos colaboradores desta coluna, comentou ontem que valeria ainda hoje “um estudo sério sobre a temeridade que foi a implantação daquele complexo e suas consequências e repercussões sobre a área, como há algum tempo venho lhe mencionando”. A propósito, ele diz também não entender “o silêncio de nossos ecologistas” sobre o assunto e menos ainda porque os chamados ambientalistas e preservacionistas “veem tão somente a testa da falésia, aquela que recebe o impacto da maré, esquecendo as infiltrações e o aumento dos fatores negativos como os que ouso mencionar”.


Se me permite…

Ousadia é a do colunista em discordar do Mestre, mas para acentuar que diante do fato concreto e de pedra e cal chamado Estação Ciência, qualquer projeto para resolver ou minorar o problema deve levar em conta o que fazer para atenuar o impacto ou a contribuição da obra rafiada por Oscar Niemayer para o agravamento do mesmo problema. Afinal, não dá para suprimir da paisagem um centro cultural e de lazer importante como aquele. Sem contar que tal investimento custou mais de R$ 40 milhões aos cofres públicos, apesar de orçada inicialmente em pouco mais de R$ 11 milhões e mesmo tendo aquela construção apresentado tantos defeitos perceptíveis até pelos olhos mais leigos, além de sofrível acabamento.

Balelas e espertezas

O deputado federal reeleito Aguinaldo Ribeiro foi, seguramente, um dos mais operosos ministros deste primeiro mandato da Presidente Dilma Rousseff. Graças ao seu desempenho, é possível que tenha conquistado a simpatia pessoal da Chefe do Governo, mas a sua especulada volta ao cargo não será resultado da sua propalada inclusão entre os ‘queridinhos’ do Palácio da Alvorada. O parlamentar pertence a um partido, o PP, que se mantém na base aliada dilmista. O Ministério das Cidades, onde ele deu expediente por quase dois anos, é da ‘cota’ da legenda. Se a bancada pepista no Congresso indicá-lo para retomar a cadeira ministerial, tem boas chances de voltar. Mas tem outro se importante: o retorno está condicionado à manutenção da pasta na parte que cabe ao Partido Popular nesse latifúndio chamado Esplanada dos Ministérios.
Dona Dilma está preocupada em manter maioria na Câmara e no Senado para não enfrentar problemas de governabilidade. Nesse momento, seu maior problema é saciar o insaciável apetite da base aliada por cargos relevantes como aquele. Daí, além de uma reforma na equipe de primeiro escalão, a Presidente também estaria articulando uma frente de partidos de esquerda para eventualmente bater de frente com o PMDB e outros partidos ao centro que dizem apoiar o governo, mas a todo momento instabilizam a relação com o Planalto.
Por essa e outras, é mais uma balela que se espraia na Paraíba essa história de que os senadores Vital Filho e José Maranhão tentam sabotar o reingresso de Aguinaldo Ribeiro no Ministério das Cidades. Seria pouco inteligente da parte dos peemedebistas, além de mesquinho, pressionar a Presidente para não dar um cargo a um suposto adversário. Se pressão existir, é para arrancar ou manter nomeações de afilhados deles para dirigir órgãos federais no Estado.
Ainda a respeito dessa especulação, desconfio que informações publicadas na chamada grande imprensa sobre a pretensa campanha de Vital e Maranhão contra Aguinaldo seja mais uma daquelas notas plantadas ou encomendadas com o objetivo expor os senadores a constrangimento público e dessa forma neutralizar ou inibir possíveis movimentos futuros que eles possam assumir naquela direção. E a quem duvida que o propósito seja esse, lembro o tanto de gente esperta que anda por aí. Plantando, armando…