Bandeira não é disso

De modo que me custa muito acreditar que o Bandeira do qual me falam tão mal hoje seja o mesmo Bandeira que aprendi a admirar desde quando ele liderava os querubins, adoráveis anarquistas que agitavam o movimento estudantil da UFPB em meados dos oitenta.

Quer saber? Não acredito um pingo no que dizem de Bandeira. Não me entra na cabeça, por exemplo, que ele ande por aí pedindo a cabeça de jornalistas metidos a ‘acochados’, que ousam manter a espinha ereta diante do Ricardo I.

Não, definitivamente não acredito que Bandeira esteja indexando ou condenando colegas ao degredo das redações só porque uns poucos desses cometem crítica ao governo e ao governador, algo que na Nova Paraíba configuraria crime de lesa-majestade.

Não acredito mesmo que ele tenha ocupado ou pelo menos tentado ocupar postos estratégicos nos ‘sistemas’ de comunicação com pessoas que seriam da sua confiança, vozes ou penas de algum talento, mas de péssimo caráter.

Não tenho como acreditar também que Bandeira tenha montado e acionado uma rede de arapongas para vasculhar a vida pregressa de adversários do governo, na expectativa de lhes colher e expor publicamente passagens vexatórias do passado recente ou remoto.

Nem que me torturem até a morte direi que acredito nessa de que por ordem de Bandeira expoentes da vida pública e privada da Paraíba estariam mapeados e grampeados pelo fato de ousarem não vergar o espinhaço na frente do rei da hora.

A ‘lista’ desmoralizada

Não posso acreditar também que Bandeira esteja por trás de lambanças que se pretendem espertas, feito essa da ‘lista dos fantasmas’ da folha do Estado, ‘denúncia’ que se revelou obra típica de quem acredita ser mau e consegue, no máximo, ser ruim.

Essa foi de doer. E doeu, muito, na alma de humildes – e comprovadamente vivos – prestadores de serviço demitidos pelo atual governo. Coitados. Além da queda da demissão e perda do sustento, veio o coice que os difusores da lista lhes desferiram na honra.

Não, ele não armaria nem subsidiaria ou adubaria algo do gênero sem ter garantia de que da armação sairia desmoralizado o ‘inimigo’, não a tal lista. Bandeira, como disse logo no começo, é indivíduo competente, porque assim sobre ele diria o saudoso Mário Viana.

Mas se essa história foi arte de alguém mal intencionado que induziu Bandeira a participar ou favorecer a ridícula trapalhada e tão amadora alopragem, aconselho o amigo velho a escolher melhor suas novas companhias.

Recorra, colega, aos verdadeiros ricardistas, aos militantes girassóicos origem, aos que se devotam à causa por amor ao líder maior. Esses têm o que dizer e a contribuir. Queira nada com esses cristãos novos do ricardismo, não.

Na verdade, eles cercam e bajulam você, estimado Bandeira, porque estão babando e salivando, tamanha a gula e tão grande o olho gordo que esses pilantras botam nas fatias gordas do bolo publicitário do governo a ser repartido em breve.

Do professor Oliveira

Prezado Rubens, em minha habitual caminhada de final de tarde na Avenida Cabo Branco, tenho observado, nos últimos meses, o necessário e louvável trabalho de recuperação da calçada que margeia a areia da praia. Embora o serviço tenha começado tardiamente, pois a calçada já estava bastante danificada, e apesar do ritmo lento da execução, cotidianamente tenho acompanhado sua evolução.

Mas, nos últimos dias, constatei que a obra empacou. Fiquei me perguntando: terá havido algum problema? Faltou cerâmica para continuar a reposição? O orçamento estourou e a verba não foi suficiente? O projeto foi excluído do Orçamento Democrático? E, mesmo buscando ampliar o leque de hipóteses que possam me proporcionar uma explicação convincente, uma pergunta não quer calar: será que, pelo menos nesse quesito, o meu amigo Rubens é um tremendo pé-frio?

É o que o serviço foi interrompido exatamente onde foi concluída a recuperação do trecho em frente à mansão vizinha ao prédio que você mora. Tenho certeza que não é isso. Deve existir um motivo justificável. E como você é muito bem informado, provavelmente sabe qual a razão dessa interrupção transitória. Aguardo sua sábia manifestação.

Grande abraço do professor Oliveira.

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Não posso ter pé frio porque me dá câimbras, Admirável Guru, e por conta disso os mantenho sempre aquecidos. Creio que o mesmo vale para o dono da mansão, o ex-deputado Francisco Evangelista.

Vamos creditar o empacamento da obra, então, às chuvas dos últimos dias ou ao inferno astral por que passa ultimamente o alcaide da Aldeia das Neves.